Nos últimos dias, pedi uma rápida pausa aos co-hosts que comigo têm tirado a oitava temporada do chão. Gente, seguinte, não vai dar pra gravar essa semana, urgências por aqui. Claro querido. Vai lá e a gente volta semana que vem. Aqui, um agradecimento rápido porém sem tamanho: criar junto é tudo. Valeu Carol. Valeu Domene.

Voltando, falava de urgências. Sabem como é. Coisas pessoais, desses respingos com os quais  a pandemia tem o poder de nos acertar. Mas, uma coisa é isso acontecer, a outra, é deixar o podcast sem programa. 

Aí, hoje, no dia de lançar,  olho para todo o estrago desta semana, as coisas que não andaram mais uma vez, as necessidades já em sua dimensão doméstica me afligindo, e me fiz a pergunta que há anos está na minha cabeça: qual a essência disso tudo? 

E se a pergunta é rotineira, a forma como vou lidar com ela não é. Isso porque, publicitário que sou, produtor de conteúdo que me tornei, poderia - como já fiz várias vezes - , criar toda uma narrativa para embasar isso ou aquilo e pensar mais na forma no que na resposta em si. 

Você, profissional criativo, sabe do que estou falando. 

Mas, chega um momento que você simplesmente realiza que vender carros usados para compradores desavisados não faz mais sentido. E recorre a fronteira final, aquela que muitos só enxergam na última volta do circuito, no suspiro derradeiro, no segundo antes do chão: a verdade.

E é aqui, falando em Verdade, que chegamos à essência disso tudo. A essência do estar no mundo. Mas, como explicar? Como transformar esse momento em uma mensagem ao mesmo tempo dura e ainda assim positiva para tempos tão difíceis.

Eu não disse que ia ser um programa fácil. Mas disse que só ia entregar a verdade. 

E aí me lembrei que tinha na gaveta um programa pronto, apresentando somente as primeiras páginas daquele que é um dos maiores livros já escritos em todos os tempos: Cem Anos de Solidão do Gabriel Gargia Marquez.

Se você topar ficar comigo nos próximos minutos prometo explicar o porque desse trecho estar aqui. Vamos lá?

Respire três segundos. Deixarei um silêncio para ajudar. 

Trouxe esse trecho hoje porque, em minha leitura particular desse começo de obra, José Arcádio Buendia, Úrsula Iguarán e o Cigano Melquíades encerram uma possibilidade de existência única, como se fossem três versões possíveis de nós mesmos em nossa jornada pela vida.

Úrsula nos repreende cada passo no mundo da fantasia e imaginação, nos lembrando que os tesouros devem permancer debaixo da cama para os tempos de seca. É assim a forma prática da vida, ciosa de apenas obrigações. Tem a sua razão uma vez que a vida prática nos cobra sempre. Principalmente no futuro dos dias de hoje.

Melquíades é o nosso lado de grande estratégias que na verdade são apenas pequenas negociatas, no ir e vir eterno de um nômade. Tem cultura própria, mistérios próprios e revela, aos desavisados, apenas parte do que finge saber. Para que, claro, obtenha seus lucros com o que sabe fingir. Tem sua razão porque vivemos em um mundo de espetáculo que nos cobra espetaculareza.

José Arcádio é o quixotesco daqueles que criam quase que freneticamente, Quase que movidos por mania, por inchaço de seus delírios. É determinação e pesquisa. É dedicação. Mas, infelizmente, e na maioria das vezes, por sonhos que se desfazem no ar. Ele tem a sua razão. Mas, quando acerta, acredita-se perdendo seu discernimento. Ele tem, portanto, uma razão transversal. Um estar certo no tempo errado. Ou ter o tempo errado quando se tenta sem parar. 

Qual dos três é você hoje? E durante a semana? E daqui a cem anos?

Essa é a essência de hoje.

Até semana que vem. Grande abraço

Aquele papo final sobre o programa!

O FalaFreela é a meia hora mais valiosa do seu dia, o podcast para pensadores criativos do Carreirasolo,org

Em sua oitava temporada vai ao ar todas as segundas-feiras tendo em sua bancada Mauro Amaral, Carolina Vigna e Mauricio Domene.

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