Não venho aqui crucificar a CLT ou coisa do tipo. Acredito que existe espaço para os funcionários de carteira assinada em qualquer segmento de nossa economia, e o governo está devagar, cumprindo sua parte. Do outro lado, existe uma modalidade de contratação que ainda é malvista em nosso país, mas que está crescendo exponencialmente nos quatro cantos do globo. Falo dos profissionais freelancers que prestam serviços não somente para uma empresa, mas para várias e, muitas vezes, ao mesmo tempo. Antes de continuar, cabe um esclarecimento. Freelancer é diferente de consultor. O freelancer é um profissional que executa uma tarefa predeterminada por um contratante, enquanto um consultor é pago para prestar conselhos sobre as tarefas necessárias para determinado projeto ou atividade. Posto isso, vamos ao que interessa: o novo modelo (que nem é tão novo assim). Ao contrário do imaginável, não é vergonha nenhuma ser freelancer. Para eles, as vantagens são bem visíveis: cheques melhores, liberdade para escolha do que deseja realizar, ilimitado local de trabalho (bastando um modem 3g) e flexibilidade de horários e dias, o que permite até aquela escapada à praia para surfar em plena segunda-feira. Esse conjunto de benesses faz com que a cada ano milhares de profissionais deixem o mercado de trabalho "formal" para se dedicarem a uma determinada atividade, seja por motivo de dispensa ou somente por opção. Engrossam tais números incluisive aqueles que estão nas faculdades ou saindo delas e que procuram uma primeira colocação laboral, não sendo raro encontrar alguns qe jamais tiveram uma carteira assinada na vida, e nem por isso passam fome.
Enquanto somente 18% da mão de obra em TI é regularmente contratada, mais da metade das empresas procuram profissionais freelancers para execução de seus projetos ou de terceiros. Canibalismo do emprego? Não, simplesmente um novo modelo.Paulino Michelazzo, para a Revista Wide de Novembro/Dezembro de 2010.
Mas este mundo não é somente colorido. Se não existir um bom planejamento, a frustação é certa, e o retorno à estaca zero da busca de uma nova colocação, costumeiro. Como não existem os chamados benefícios da CLT, é necessário cuidar de tudo, desde o fluxo de entradas, a poupança a ser realizada para momentos de estiagem e até mesmo para uma parada repentina por motivos de saúde. Preocupando-se com isso e mensirando prós e contras, a balança na maioria das vezes pende para o lado dos freelancers. E não é só o profissional que ganha. A empresa contratante também se aproveita desse nvoo movimento da exonomia mundial, seja na redução do pagamento de encargos, seja na utilização de mão de obra mais qualificada para o desenvolvimento de seus projetos. Sim, porque o freelancer que deseja se estabelecer, e mais ainda aquele que já se estabeleceu, não pode parar de estudar e conhecer novas técnicas e tecnologias. A concorrência é forte em todos os segmentos. E errado é aquele que chegou aqui pensando que o freelancer prostitui o mercado: não, ele o auxilia para que mais oportunidades sejam criadas para todos, e isso é facilmente explicado com matemática. A partir do momento em que uma empresa não tem a nexessidade de pagar encargos estratosféricos (que no Brasil chegam a 102% em alguns casos), sobra dinheiro para a execução de projetos, principalmente os engavetados e já empoeirados. No momento de executá-los, a empresa procura profissionais freelancers que certamente será mais barato que a contratação de um profissional CLT. Observa-se, então, que a roda gira e todos ganham: a empresa que tira o projeto da gaveta, o freelancer que tira o mofo dos dedos e o cliente que obtém a solução pretendida. Nem mesmo o governo perde, pois ainda existem impostos sobre os serviços, mas com menor peso. E porque, então, não é regra? Essa pergunta deve estar tanto na cabeça do profissional quanto na do empresário, e algumas respostas são fáceis de serem encontradas. A primeira delas é o desejo ilimitado do empregador em ter seu rebanho por perto. Quanto mais perto, mais o chicote assovia - acredita-se que isso seja produtividade. De outro lado, o profissional que ainda não está acostumado com esse modelo de trabalho, pouco tem responsabilidade e normalmente atrasa ou faz malfeito (por conta do atraso). Nessa equação, ao contrário da primeira, todos perdem: a empresa com custos altos, o profissional com salários baixos (e as costas ardendo) e o cliente que não vê o projeto. Então, o que fazer para mudar? A dica vai principalmente para os profissionais: responsabilidade. Sem responsabilidade, o cliente, que inclusive pode ser seu ex-empregador, não irá lhe confiar nada. Você terá que, em vez de procurar jobs em sites especializados de freelancers, procurar vagas em sites de agência para voltar ao antigo regime da carteira & chicote. Responsabilize-se que o trabalho vem. A demanda está cada vez maior e existe espaço para profissionais do mundo todo, em todo o mundo. E de uma coisa esteja certo, cedo ou tarde o seu emprego será cortado para dar lugar a dois ou três freelancers. Esta é a regra capitalista que não conseguimos mexer e, já que é assim, que tal ser você um desses freelancers atendendo seu ex-chefe? Pense a respeito. Por: Tatiane Cristine Arnold, que está sempre em seu blog: www.tatianearnold.com.br/blog