Tirei essa foto antes das 7 horas da manhã de ontem e na hora nem percebi. Mas, ao voltar para a casa e dar uma olhada mais atenta, me peguei refletindo sobre o poder das referências pessoais na formação de um indivíduo e naquilo que ele considera ser a sua Verdade. Caso não tenham percebido e se não me falha a memória (distante já, nos ensinamentos bíblicos da escola católica onde estudei) ali temos um trecho do velho testamento. Alterado, simplificado e reprocessado pela máquina de matar cultura que é a pena popular, mas está ali. Fosse assim, um bilhete voador, morreria como citação longínqua do livro dos livros, há muito transfigurado em linhas que se decoram, sem decoro. Mas não, ele estava envolvendo um pacote de balinhas. Fosse em outro retrovisor qualquer, senão o meu, também isso não faria diferença. “OK, balinhas...tem de café?” e estaríamos conversados. Mas não, pousou ali ao meu lado. E a possibilidade de balinhas tirarem você do sonho, em busca de conquista, me levou para uma das cenas mais antológicas do cinema contemporâneo (e não, não vou dar a palavra a você aí na terceira fila que levantou o dedo para lembrar que o primeiro Matrix foi copiado pelos irmãos Wachowski)   Não são poucas as vezes nas quais você se pega propagando a sua versão da Verdade como definitiva, não é mesmo? Somos assim, auto-focados. É questão de sobrevivência. Até mesmo Morpheus está fazendo isso na cena acima. O fato de ele estar com a razão é mera decorrência da suspensão de descrença necessária para o filme acontecer. Não nos esqueçamos que minutos depois Cypher também terá o seu momento "a minha Verdade é a Verdade", no caso, na forma de um bife suculento. Mas enfim, queria trazer esta rápida provocação para vocês poderem refletir neste pré-feriado na importância de colher referências e saber administrá-las de acordo com a situação. Não peço mais para que escolha entre as pílulas azuis ou vermelhas como já fiz em outros momentos por aqui. Peço apenas para não optar por ficar dormindo.