O mercado está aí, contratando. Portais precisam de conteúdo, blogs profissionais precisam de conteúdo. Toda marca que busca diferenciação, precisa de conteúdo. Daí, a grande marca procura a grande agência ou a pequena produtora. Estas, por sua vez, expandem, montam equipes por projeto, contratam freelancers para dar conta da demanda. E esperam, simplesmente, o melhor. E é focando na expectativa do melhor que resolvi enumerar alguns erros de percurso que 90% dos produtores de conteúdo em início de carreira cometem. Como eu sei disso? Porque eu mesmo cometi alguns deles. Vale o lembrete: nem sempre eliminar estes erros faz de sua carreira um sucesso assim como nem sempre cometê-los todos inviabiliza sua vida como redator, editor, podcaster ou qualquer outra coisa que inventemos. Seu talento e sorte vão abrir muitas portas, não cometer esses erros podem mantê-las abertas. Agora chega de papo-furado (que por pouco não foi o oitavo erro) e vamos lá:

1. Não pesquisar

Ao aceitar um briefing para um novo projeto, pesquise. Pesquise sobre quem está contratando você, sobre a marca que vai representar e, uma vez com a mão na massa, pesquise criteriosamente sobre cada pedido. É claro que a web facilita a nossa vida. Existem serviços que vão depositar em seu e-mail releases diários, existem as fontes que você pesquisa ao longo de anos cadastradas em seu leitor de RSS, existem livros, existem pessoas encontráveis no Facebook ou Google+ e que vão dar informações valiosas sobre seu texto. Mas não existe bom conteúdo sem boa pesquisa. Por uma simples razão: o senso comum está disponível gratuitamente na Wikipedia, que aliás é mal vista como única fonte para seus artigos.

2. Achar que pode escrever BEM sobre tudo

A pesquisa pode levar você a concluir que se sai melhor em algumas editorias (assuntos) do que em outras. E isso é normal. O mundo sempre precisou (e costumou pagar bem por) de gente que saiba um pouco mais sobre alguma coisa. Especialize-se, foque naquilo que você realmente sabe. Hoje grande parte dos candidatos que entrevisto jura que se sai muito bem em Informática, Fotografia e Telefonia porque tem, nesta ordem um notebook, uma câmera digital e um smartphone. Mas, seguindo o mesmo raciocínio, porque não dizer que sabe tudo sobre fogões, geladeiras, condicionadores de ar e arquitetura, já que cozinham, pegam água gelada na porta da geladeira, dormem fresquinhos no verão e arrumam a sala quando a visita chega? Como editor e dono de produtora, afirmo: fico muito mais seguro quando ouço que “só me sinto escrevendo bem sobre moda ou beleza pois já cobri esses assuntos em uma revista no interior de Minas”.

3. Não medir corretamente esforço e resultado

Projetos de produção de conteúdo, quando são de grande volume, têm seu sucesso medido a partir do tempo em que uma pauta leva para virar matéria. Isso se forem 10, 50, 200, 400 ou 500. Então, no alto da disposição que só a falta de experiência permite, alguns redatores insistem em pegar muito mais conteúdos do que podem dar conta. E isso se deve ao fato de que o profissional ainda não desenvolveu um senso crítico que o possibilite dimensionar o quanto de esforço precisa para gerar o resultado esperado. Tenha sempre em mente o quanto consegue render, a que horas e, em função disso, qual é a carga de compromisso que consegue assumir. Parto do princípio do Capitão Nascimento: “missão dada é missão cumprida”. Quando, então, brifo um redator para a produção de 20 artigos em uma semana, receber dois é bem complicado. Da mesma forma, aí do seu lado, produzir apenas cinco porque precisa completar a última fase do seu game preferido, é um desperdício de talento e dinheiro.

4. Achar que é impossível descobrir um trabalho plagiado

Pois é, difícil tocar neste ponto. Mas já enfrentei duas ou três situações complicadas. Já tive que ouvir: “Ué, plagiei mesmo, tinha pouco tempo”, já tive que recontratar outro profissional para cobrir pauta mal pesquisada e redigida. Já ri sozinho revisando conteúdos com várias fontes tipográficas diferentes para concluir que tratava-se de uma mixtape de vários blogs. Em função de todo este quadro, vale o lembrete: qualquer cliente que tenha um departamento de conteúdo conta com ferramentas para este tipo de checagem. É praxe do mercado. Eu tenho as minhas e descubro até qual linha do site um redator copiou. Mas, acreditem, acontece...

5. Não revisar seu texto

Mesmo que a produtora que contratou você conte com um revisor in-house, mesmo que ao enviar para a agência que o contratou você sabia que um revisor irá olhar o seu trabalho, revisão é fundamental. Os prazos estão cada vez mais curtos, eu sei. A carga de trabalho, quando você escrever bem, só vai crescer, acredite. Mas reserve um tempo para revisar criteriosamente tudo o que você publica. Uma dica: chame um amigo para olhar o seu texto com “olhos de estranhamento” antes de enviar. Fique devendo um favor a ele, pois será uma ajuda e tanto!

6. Ter pressa

Sei que o mercado freelancer anseia por pagamento rápido. Eu mesmo já publiquei alguns posts sobre isso. No entanto, é preciso que você entenda que existem diversas estruturas ao redor do seu trabalho. Só para dar um exemplo bem prático: quando era coordenador de projetos digitais na Petrobras, alguns fornecedores eram pagos com 60 dias após entrega. Então, fique atento desde o início ao processo de pagamento e veja se ele se encaixa naquilo que você espera para a sua atividade! A pressa se manifesta também no item aprovação do seu trabalho. Não sei se você sabe, ou já percebeu, mas a velocidade com a qual um cliente demanda um trabalho é inversamente proporcional ao tempo de aprovação. Ou seja, quando mais urgente, mais demorado é para ser aprovado. E isso se deve a dois fatores: tivemos pouco tempo para produzir e portanto não dedicamos tudo o que era preciso e, por outro lado, os prazos internos do cliente, quando o trabalho está dentro de casa, normalmente assumem outro ritmo. Não tenha pressa. Tenha tempo!

7. Desistir

Bom, tem aqui toda aquela falácia da Geração Y, que são mal acostumados, que querem ter pouco trabalho, que não têm paciência. Sinceramente? Senta lá, Cláudia. Vamos parar com isso, de aceitar esta etiqueta e se achar confortável com ela. Errou uma vez? Conserte. Cliente achou seu trabalho a mosca do cocô do cavalo do bandido? Limpe a bagunça e comece do zero. Desistir é, para o mercado, apenas abrir uma vaga. Para você, uma derrota.

Bom, chegou a hora de trabalhar.

Os pedidos não param de chegar lá na Contém Conteúdo. Vá em frente: limpe do horizonte estes pequenos ruídos e mostre para o mercado o que só você sabe fazer!