Já escrevemos algumas linhas interessantes sobre o assunto, ao longo das últimas semanas, vocês leram? Em resumo, podemos dizer que somos, todos, independentemente de raça, nível social ou orientação religiosa, submetidos a TARADOBYTES de informação todos os dias.

Esta superexposição matou nosso tempo – ao contrário do que os apóstolos do ócio criativo nos contavam no final da década de 90 - , desintegrou a qualidade de vida de profissionais dos mais variados setores e, pasmem, força a nos pensar até mesmo num processo lento e gradual de desconexão, necessário, para manter nossa sanidade frente a este cenário peculiar.

Vimos também que a própria busca por soluções, ao ser desenvolvida dentro da Web, produz mais informação, num ciclo nada virtuoso rumo à inércia, a entropia total. Disse a DaniCast que esta discussão é antiga, antiga demais até. Lembrem-se: a superexposição é um fato há muito registrado, mudaram, contudo, os paradigmas: o que antes apenas se consumia em excesso, hoje se produz em excesso. Somos bombas potenciais. Coquetéis molotovs de fotos, vídeos, textos, planilhas, senhas, log´s, buscas no Google e perfis de Orkut.

Quando direcionamos nosso foco para o ambiente de empresas e escritórios, acabei lembrando de uma tendência que me desagrada muito, pois a vivo diariamente: cada vez mais gente tem menos acesso a mais coisa. Amedrontados com a facilidade de dispersão de seus profissionais, os senhores da informação criam barreiras para tudo, agindo num mundo semelhante ao da contra-propaganda de guerra. Lançaram uma nova rede social? Em três dias ela estará bloqueada em sua estação de trabalho. Um site de seu amigo colocou palavras de baixo calão no tittle da página para atrair a atenção do Google? Estará bloqueado também. E por aí vai.

Aliás, por aí não vai a lugar nenhum. Porque sem acesso a informação o profissional vai viver de respirar o gás-carbônico empresarial. Sem oxigênio, vai ficar mais lento. Sem estímulo vai se imobilizar. O desafio corporativo, como falei anteriormente, é descobrir o profissional que funcionará como a interface entre o caos da informação e as necessidades de cada local de trabalho.

Segurem o arrepio na espinha, nem tudo são flores nem tão pouco espinhos.

Este profissional, de repente, já existe.

Imaginemos um caso corriqueiro: um Editor de Portal Corporativo. Para quem ainda não sabe, é um trabalho que tem características estratégicas e operacionais em igual proporção. Pode-se estar em uma reunião com a alta administração, pela manhã, conhecendo o plano estratégico para 10 anos.

E à tarde, na frente do micro, criando pequenos banners e editando um texto para uma área de quarto nível em alguma gerência lá na Amazônia...isso sem deixar de, ao final do dia, sentar-se com um fornecedor, para conhecer o layout do mais novo hotsite solicitado. Ou seja: este profissional colheu um briefing, exercitou ser lado webwriter e ainda fez o papel de cliente/gerente de projeto num dia só. Em todos os casos, e isso não é diferencial desta atividade, uma considerável quantidade de informações foi produzida.

Aqueles que são mais atentos já perceberam que, ao se resumir a esta atividade, serão tragados rapidamente por eras e eras de hierarquias, de cultura interna, de barreiras. Hoje, um Editor de Portal deve ser um pouquinho mais. Aos esbaforidos deve levar calma; aos detalhistas, visão panorâmica; aos generalistas, atenção e foco; aos estressados, um chá na máquina do corredor; aos fornecedores, um pouco de paciência com processos pouco ágeis. E por aí vai.

E aí vai mesmo. O Profissional Interface, ouso dizer, terá um diferencial poderoso em suas mãos. O tempo é o de conter a necessidade e a voracidade por produzir e consumir informação. Restaurar o equilíbrio do ambiente sob sua responsabilidade, filtrando o caos dos desmandos e deixando passar para o público uma suave e fluida experiência de conhecimento e compartilhamento. Aos esperançosos, um aviso: vocês raramente vão conseguir.

A interface perfeita será a ponte entre a necessidade existente e já percebida pela empresa e sua recusa em admitir isso. Assunto para um próximo artigo. Nele vamos apontar alguns exemplos que já estão pipocando na Web e fora dela. Enquanto isso, alguém conhece um profissional que já trabalhe assim? Aguardo os exemplos.