Cem anos de Solidão foi escrito em 1967 por Gabriel García Márquez[bb]. É considerado umas das maiores obras em língua espanhola, responsável, inclusive, pelo renascimento do idioma na literatura mundial. Eu considero o melhor livro que já li na vida, numa vida ainda curta, se Deus quiser longe de terminar, e já com alguns livros lidos. O que me fez lembrar este trecho, quando escrevia sobre as mudanças no layout do www.carreirasolo.org, foram as etiquetas que davam nome as coisas. Na passagem que mencionei, a pequena aldeia de Macondo está inteiramente contaminada por uma epidemia que fez seus habitantes perderem a vontade de dormir. Como efeito colateral a memória de todos começa a desaparecer e, com ela, os SIGNIFICADOS das COISAS que os rodeiam. A crise se agrava quando perde-se também a noção exata da função das coisas, seu propósito no mundo. Aureliano, filho de José Arcádio, soluciona o problema colando etiquetas com os nomes das coisas e, em alguns casos, descrevendo sua função. Em alguns dias, seu laboratório (ele ainda é apenas um ourives que faz peixinhos de ouro) está repleto de etiquetas: lápis, carimbo, papel, fogareiro etc.

Num ato consciente e particular ele organizou um mundo com falta de memória e que não conseguia desligar (dormir), mesmo que por alguns momentos, da realidade.

Clique e leia este trecho. E o que seria hoje a sopa digital em que vivemos? Não seria nossa própria epidemia de insônia? Vindo de nenhum lugar, pelo vento, pelos fios, nos deixam sem dormir num eterno ato contínuo de consumo de informação. No início, como os habitantes de Macondo, até gostamos da idéia: tudo sempre à disposição 24 horas por dias todos os dias da vida. Mas aí sobreveio o cansaço e o que era bênção virou maldição. Tendinites, cefaléias, desencontros profissionais etc etc. Não conseguimos desligar (dormir) de nossa realidade e, ela mesma, nos dá pistas de não existir totalmente.

Egípicios, Judeus, Proto-Cristãos e Maçons.

Eis que começamos a colar nossas etiquetas. Nossas fotos receberam suas etiquetas no Flickr, nossos textos e links do del.icio.us. O Technorati (quem já jogou RPG e GURPS aí na Platéia? Technorati não parece nome de clã de vampiros?) nos classificou em etiquetas e nelas aplicou classificações que versam sobre autoridade, popularidade e uma série de índices. Novidade dos tempos modernos? Nada: egípicios criaram os primeiros hieróglifos para representar (aprisionar) o poder místico de seus Deuses-Reis, Judeus interpolam a Torah nos últimos cinco mil anos tentando achar o significado do todo, nas pequenas coisas-palavras-conceitos; Cristãos foram chamados de “O povo do livro” porque deles veio o hábito de encadernar os rolos sagrados tornando-os mais portáteis e próprios a sua missão de divulgadores da bo(ss)a-nova. Maços e demais iniciáticos cifram documentos secretos em seu canto superior direito para só os irmanados em sua seita poderem entender e decifrar. Etiquetar o mundo não é novidade. Só que tem uma diferença com o mundo das tags de hoje e as de Aureliano Buendia, Faraós, Cabalistas, Apóstolos e Grãos-Mestres...

...organizamos o caos com o caos pessoal.

A Tagsonomia versa sobre uma classificação através de nomes de uma realidade que em sua essência é caótica e irregulável. Reino imperfeito da entropia, como a vida, vá lá. A mesma foto, por exemplo, de um ato terrorista no Flickr receberia de mim uma tag HORROR, ou HISTÓRIA e de um jornalista, por exemplo, receberia outra: PAUTA, BIN LADEN. A partir deste exemplo simples imagine notícias sobre um fato relevante sobre a política; um lançamento de um filme, um perfil de Orkut etc etc. Criamos mil organizações. Padrão nenhum é nenhum padrão?

Tag-o ou deixe-o!

Mais ou menos. Profissionais de Comunicação, Freelancers ou não, que somos devemos começar a farejar o diferencial que existirá em saber ficar de pé na prancha da Taglândia.
  • Imaginem poder oferecer como diferencial a nossos clientes a habilidade de ser o mais representativo na TAG Limpeza. Quanto será que vale esta liderança para a Procter&Gamble?
  • E a maior autoridade da TAG DVD. Por quanto será que a Sony vai querer contratar o Editor de um blog que domine esta TAG?
  • Você já pararam para pensar como será analisar as clouds de Tags (a Taglâdia logo abaixo) de um artigo digamos, do próximo candidato da presidência da República? Ou de todos os candidatos?
  • E que tal desafiar um cliente assim: se em três meses eu te der a liderança dos assuntos VEÍCULOS, VELOCIDADE, AUTOMÓVEIS, ESTILO, STATUS, HOMEM, COURO, MOTOR E FÓRMULA 1, você leva a conta para minha agência? E se o cliente em questão for o Presidente da Volkswagen?

Vão, vão, espalhem a idéia.

É isso turma. Queria convidar vocês a pensar seriamente sobre isso. Tragam suas idéias, criem posts em seus blogs respondendo a estas perguntas acima. Vamos fazer um barulho e entender como transformar a Taglândia numa fonte de Negócios novos e interessantes?