barcelos.jpgVez por outra entrevisto profissionais de mercado que, de alguma forma, influenciaram na minha maneira de pensar e trabalhar nesses anos que já nem são tão poucos em que estou à frente de campanhas, sites, projetos visionários de dominação mundial e coisas do gênero. Alexandre Barcelos é um desses profissionais. Nos conhecemos ali por 1999/2000 trabalhando em produtoras Web. Arquiteto (daqueles que desenham casas e prédios mesmo), Músico (excelente guitarrista e bluseiro de marca maior) e, como se não bastasse, Diretor de Arte. Não só webdesigner, não só ilustrador, não só criador de logomarcas etc etc...o cara é Diretor de Arte mesmo, desses que pesquisam referências, lêem tudo sobre o cliente, vão em reunião de briefing e tentam entender tudo o que ele quer. E é sobre esta atividade que, dos tempos da Web para cá, ficou tão nebulosa que vamos falar. O que é ser Diretor de Arte? Como isso é percebido pelos clientes no mercado de hoje? Que formação um Diretor de Arte deve ter? Questões que podem nem ter passado pela sua cabeça. Mas estão resolvidas na cabeça de profissionais como o Barcelos. Como você vê a diferença entre o Diretor de Arte e o Webdesigner?
O diretor de arte é um profissional com um domínio mais abrangente das áreas do design, das características técnicas de cada mídia, com conhecimentos em ilustração, fotografia, tipografia, arte, etc. Aliado a isso tudo, um poder de visão de negócios, entendendo com mais clareza os desejos, objetivos e necessidades do cliente. O web designer, assim como em outras áreas do design, seja design de produto, design gráfico, motion design, tem uma atuação mais focada dentro de cada segmento. Se esse designer exercitar seu poder de observação, focando seu talento no retorno e usabilidade de seu produto final e na satisfação do cliente, acreditando no seu trabalho e no seu poder de evolução, este profissional está no caminho de ser um diretor de arte.
Não é uma distorção? Até que ponto isso é culpa do mercado?
Não sei. O que vejo é um mercado apertado e com muita oferta de mão de obra. Muito trabalho e poucos empregos. Onde é bem difícil chegar a uma posição dessas. Poucos lugares podem pagar salários e ter um plano de cargos e carreira...isso sem falar em benefícios. Vejo muita rotatividade de profissionais nas empresas. Vejo muitas agências colocando uma banca que não têm.
Como podemos contornar isso?
Correndo atrás. Buscando desenvolvimento e aprendizado constantes. Não ligar para o "emprego formal" mesmo, e sim, se tornar indispensável para os clientes e lugares que trabalha. Desenvolver uma rede confiável de fonte de trabalhos e relacionamentos.
Você, antes de mídias digitais, teve formação em Arquitetura. Isso ajudou a enxergar caminhos e soluções diversas para os desafios no design?
Sim. Por algum tempo me senti mal por ser um arquiteto no meio do design. Hoje vejo isso como um diferencial. O curso abriu muito a minha cabeça e por ele pude enxergar o rumo profissional que tomei. Arquitetura é design e técnica a níveis extremos. Desenvolver o design de uma edificação, pensando nas limitações das leis da física, da natureza e dos materiais construtivos. Pensar nas instalações de água, esgoto, elétrica, na iluminação, ergonomia, fluxo, orçamentos construtivos, longos tempos de execução... é um exercício desafiador.
Como você vê o mercado de freelancers para esta área? Está em alta? Está em baixa?
Acho que comparando com o mercado formal que temos, a atuação como freelancers está em alta. Vai depender da diciplina e comprometimento profissional de cada um.
Uma dica para o pessoal que está começando?
Acredito muito no poder individual de desenvolvimento. Estar sempre disposto a aprender. Poder cativar os clientes com clareza e transparência nos processos de precificação e aprovação, assim como a otimização do tempo de execução do nosso trabalho. Acho fundamental numa economia como a do nosso país.