Dia desses, tendo conseguido reservar um tempo um pouco maior para almoçar no café-sebo-cachaçaria que tanto gosto ali na Rua da Carioca, fui premiado com uma visão muito interessante. Monges, destes de hábitos medievais, enfrentavam o caos urbano que é o Largo da Carioca, para apresentar mais uma de suas campanhas humanitárias. De início, a visão detonou um clima de tarde de verão quente, típico quando personas de épocas diferentes contracenam na minha frente, mas logo passou; pois percebi que o mais interessante estava em outra percepção, esta pertencente a um campo mais sutil. Buddhist monk in Luang Prabang ,Lao Creative Commons License photo credit: llee_wu Vejam vocês que, apesar da formação (pelo menos esperada) dos religiosos ali; apesar de acreditar sinceramente que eles fazem o bem não importando a quem, que são bem intensionados e patati-patatá; o que me atraiu atenção foi quem eles priorizavam como alvo. Eram aqueles que a sociedade rotula de incapazes: mendigos pré-históricos, malucos-beleza meio doidões, meninhas de rua etc. Todos eles seres de sofrimento aparente em suas tristezas manifestadas Os monges escolhiam o caminho fácil: ajudar a quem manifestou necessidade. Pausa. Vai ali tomar um café e pensa um pouco. Voltando. Desta vez no mundo dos freelas. Aí fiquei pensando: será que agimos assim também com nossos clientes? Quantas vezes investimos tempo de nossa prospecção, indo atrás de rótulos que o mercado nos apresenta, tomando-os por verdades universais para nossos negócios? Depois de quase dois anos na pele, eu mesmo, de cliente, percebo que uma coisa é o que eu preciso, outra é o que a agência entende e uma terceira é o que entrega no final. Manifestar a necessidade e vivê-la são coisas diferentes. Os monges fingiram que não perceberam isso. Nunca - ou quase nunca -, pararam um executivo e perguntaram: e aí rapaz, tudo tranqüilo em casa? Como andam seus planos? Você é feliz? Que tal assumirmos um estranhamento total em relação ao mercado, aos nossos contatos pessoais e profissionais e, mesmo sem hábito, fazermos os monges e perguntar: E aí, meu caro, minha cara, você está precisando de um bom profissional para seus projetos? Vai por mim: o menor lucro que você terá é dar um brilho na alma.