soldiers-studying   Quantas vezes no dia você se faz a seguinte pergunta: “O que mesmo eu ia fazer?” É provável que esse tipo de indagação esteja mais presente do que você mesmo poderia imaginar. Seja por conta da correria do dia a dia ou algum trauma neurológico, a verdade é que a nossa memória não anda lá essas coisas. E para quem depende dela no trabalho a situação se agrava ainda mais. Esse seria o caso de, por exemplo, professores, médicos e soldados. Isso mesmo, soldados. Por mais que a relação não pareça tão óbvia, esse tipo de profissional costuma ser submetido a diversos treinamentos que precisam ser lembrados no momento do combate. O problema é que muito do que se aprendeu só é colocado em prática anos depois, o que dificulta o acesso na memória. Sabendo disso, a agência do exército norte americano R&D está financiando uma pesquisa na tentativa de resgatar a lembrança das habilidades já treinadas. Através do programa Restauração da Memória Ativa (RAM Replay, na sigla em inglês) serão financiados novos modelos computacionais para compreender e aumentar a formação e resgate de memórias baseadas em habilidades. Além disso, de acordo com a Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa (sim, a DARPA), o trabalho será testado em ambientes que são relevantes para os militares ao invés de acontecer em um laboratório. “Não pode haver uma enorme lacuna de tempo entre o período que você aprende algo e quando você realmente tem que usar esse treinamento”, avalia o gerente da DARPA e encarregado do RAM Replay, Justin Sanchez, que ainda lança a pergunta: “Mas, e se você pudesse aumentar a memória de alguma habilidade especial sua?”. O questionamento de Sanchez é realmente intrigante e tem servido de norte para o desenvolvimento dos programas que são parte da Iniciativa BRAIN, criada na administração do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e que visa implantar novas tecnologias para a compreensão do cérebro humano. De um modo geral, existem dois tipos de memória: a declarativa, que é aquela que recorda conscientemente informações, como fatos e experiências; e a de procedimento, que se refere à informação armazenada inconscientemente quando você aprende uma habilidade específica, como andar de bicicleta. No caso do programa RAM Replay, existe um interesse maior na memória processual, tanto que estudos anteriores com animais demonstraram que após as lembranças serem armazenadas, elas são inconscientemente reativadas durante o sono, num processo chamado ‘repetição neural’. E é justamente esse processo de repetição que a DARPA pretende aproveitar para melhorar a memória em habilidade. [caption id="attachment_18556" align="alignnone" width="640"]Soldados aprimorados? Você já viu isso em algum lugar? Soldados aprimorados? Você já viu isso em algum lugar?[/caption] É claro que projetos que visam restaurar a memória humana também passam pelo crivo ético. Para o pessoal da DARPA, a ideia não é tratar o assunto como manipulação e sim trabalhar em espaços ainda não explorados para resolver os problemas de frente e, no longo prazo, criar um conjunto de soluções aplicáveis que poderiam beneficiar inclusive a civis. E se você pudesse aumentar a memória de alguma habilidade especial sua? Qual seria?