Fale sobre sua atuação como crítico de músicas para cinema...é profissão ou um hobby?
Gostaria muito que fosse profissão, mas desde o início da adolescência, quando me apaixonei por trilhas sonoras, tem sido apenas hobby. Consegui publicar um ou outro artigo mas, de maneira geral, a imprensa não leva a sério os compositores de cinema, o que é um erro grave. Tive que criar meus próprios veículos (site, blog) para poder escrever sobre o assunto. Minha intenção como crítico é, principalmente, alertar leigos e desatentos sobre a importância cinematográfica e a beleza artística da música orquestral composta para os filmes. Para a grande maioria das pessoas, trilha sonora são aqueles CDs com canções pop reunidas para determinado filme.
Como você avaliaria este tipo de trabalho aqui no Brasil?
Ainda está engatinhando, embora a internet tenha revelado gente muito esforçada em reverter essa situação. É natural que o país dedique menos espaço ao assunto do que Estados Unidos e Europa, lugares onde a história da música de cinema realmente foi construída. Mas isso não torna menos lamentável o descaso da nossa imprensa com o gênero. E quando resolvem fazer alguma matéria, ela fica a cargo de algum crítico de música clássica, gente que notoriamente detesta os compositores que se dedicam ao cinema. De qualque maneira, os últimos anos foram animadores, com alguns livros publicados e a realização do Música em Cena, evento que trouxe Ennio Morricone ao Brasil e promoveu debates.
Algumas dicas para quem quer começar a trabalhar como músico para cinema?
O músico de cinema precisa, acima de tudo, de versatilidade e adaptabilidade. Versatilidade para lidar com histórias e exigências musicais das mais variadas. Adaptabilidade, para atender às necessidades do filme, sua principal função.
Você destacaria cinco trilhas sonoras recentes que causaram impacto...e porque?
- Harry Potter e a Pedra Filosofal (2001, John Williams) A responsabilidade e o desafio de criar um universo musical para o primeiro filme de Harry Potter eram imensos.Mas John Williams, como era de se esperar, não decepcionou.
- Abril Despedaçado (2001, Antonio Pinto) Nunca a trilha de um filme brasileiro havia me comovido tanto. Uma das várias virtudes do esplêndido drama de Walter Salles.
- Munique (2005, John Williams) Mais uma do genial John Williams, transmitindo com suas pungentes melodias toda a tristeza deste círculo vicioso de violência.
- King Kong (2005, James Newton Howard) Parecia impossível, mas Howard criou uma trilha tão boa quanto a do filme original de 1933, que fez do compositor Max Steiner o "pai" da música de cinema.
- O Código da Vinci (2006, Hans Zimmer) Zimmer não desperdiçou a oportunidade de musicar a adaptação de um dos maiores fenômenos literários de todos os tempos. A cena final no Louvre é exemplo conclusivo do que a música pode fazer pelo cinema.