Muita gente edita seus vídeos para gravar em DVDs ou para um programa de televisão e tem sérios problemas ao portabilizar esse conteúdo para Internet. Nesse artigo eu vou passar algumas diferenças básicas entre trabalhar com estes dois formatos e como você pode se poupar de dores de cabeças durante o trabalho. WHOS Creative Commons License photo credit: Symic

Primeira parte: Entendendo o I e o P

Existem uma quantidade incontável de formatos de áudio/vídeo no mercado (tanto com respeito ao encapsulamento, quanto com respeito a CODEC’s). Os grandes sites de vídeo como Vimeo, Youtube, Metacafe e Videolog.tv aceitam praticamente todos os formatos, mas se tem algo com que eles não sabem como trabalhar é com a questão interpolação X progressão. O formato de TV é um formato interpolado devido a limitações quanto ao nosso padrão elétrico e as tecnologias das televisões no mercado. Algumas novas já suportam progressivo, mas seu formato nativo ainda é o interpolado. Neste formato,  cada frame recebido pela televisão via cabo ou antena é um composto de linhas, numeradas como ímpares e pares, que chegam e se juntam como um quebra cabeça de linhas ao serem exibidas. O sinal lembra muito uma folha de papel que passou por um triturador de escritório, reduzido a linhas de papel... só uma referência. Esse formato é perfeito para produções de DVD’s por exemplo. Mas, para Internet apresenta um grande problema, pois ao serem convertidos pelos sites para progressivo, normalmente não existe um processo de “desinterpolação”. Em função disso, é possível ver linhas finas sendo exibidas durante todo o filme. Esse efeito é muito feio e extremamente incômodo aos olhos. O formato utilizado para web e também da maioria dos gadgets de mercado é progressivo. Um formato mais elegante, mas que depende de uma alimentação contínua para funcionar bem. (ligado em uma bateria ou em um aparelho com transformador de ac/dc interno). Seu uso tem sido cada vez maior pois a qualidade entre um mesmo sinal via I e P difere, sempre melhor em qualidade para o P. A regra primária então é sempre a mesma, trabalhe com vídeos interpolados somente se sua saída for a TV, ou DVD... Para Blu-Ray, Computadores e Internet, trabalhe com progressivo, sempre.

Segunda parte: Tamanho do vídeo

O tamanho do vídeo (dimensão em pixels) é um termo importante para os diversos formatos de destino de uma edição. É necessário entender ao menos os formatos mais comuns do mercado para evitar dores de cabeças. Perdi a conta de quantos vídeos eu ví finalizados erroneamente (e quantos também errei eu mesmo até aprender) enquanto cursava a escola de cinema pela simples falta de conhecimento em formatos, proporções e etc. Sobre esse tema, decidi postar uma lista. Creio ser a forma mais fácil de relacionar os formatos mais comuns e exemplificar com vídeos. Vamos a ela: SD (standard): é o formato utilizado em DVDs. Possui a resolução de 720x480 pixels e é quase sempre interpolado (devido ao seu uso final, o DVD e televisões). Esse formato tem suas variantes, que se chamam SD square e SD Widescreen. O que ocorre nada mais é do que o formato dos pixels. Os pixels square, como o próprio nome diz, são quadrados e os pixels widescreen são levemente retangulares. Quando montados, diferem entre uma imagem de proporção 4x3 (Square) para 16x9 (widescreen). Este é um exemplo clássico de vídeo SD interpolado para Web, e o problema que isso acarreta: HD 720: este formato tem sido mais utilizado para a Internet, pois antes mesmo das TVs de alta resolução chegarem ao Brasil, a dimensão das telas do computador já estavam chegando a 1024x768 pixels de resolução. Com isso, quando se jogava em tela cheia um filme tocando de um DVD, se notava que a qualidade era menor do que se reproduzido nas televisões. Isso acontecia porque as televisões, apesar de terem as telas maiores que os monitores, continham menos pixels. Logo, a imagem não se distorcia. Já nos monitores, cada pixel do monitor mostra uma parte de um pixel do DVD, e isso distorcia/diminuia a reprodução. O formato HD 720 é progressivo e por esse motivo também é mais prático para computadores e outros aplicativos, e ao mesmo tempo é mais leve que os formatos mais pesados de vídeo, fazendo comque seja uma opção muito relevante para sites de streaming da internet. Este é um exemplo de vídeo HD 720 (1280x720 pixels em formato progressivo) retirado do videolog do novo álbum do Chico Buarque. É possível notar que o erro apresentado no exemplo anterior não existe mais (por ser um vídeo progressivo). Caso a função HD não esteja ativada, clique no ícone cinza escrito HD no canto inferior direito. A diferença é notada muito facilmente: Full HD Progressivo: quando a internet começou a se tornar comum e mais rápida e as televisões compatíveis com vídeos de alta resolução e progressivos começaram a aparecer no mercado, o vídeo em Full HD surgiu. Com resolução de 1920x1080 pixels e em formato progressivo, ela era perfeita para ver filmes com alto nível de detalhes. Tornou-se o padrão para equipamentos de filmagem para cineastas independentes e estudantes de cinema, com o advento das câmeras HD-DSLR. Neste vídeo do Youtube, é possível ver um a cidade do Rio de Janeiro em uma linda imagem aérea, em formato Full HD. A diferença do vídeo HD 720 é invisível se reproduzido em uma tela de computador normal, mas em computadores com grande potência de vídeo, ou TVs fullHD, é facilmente notada. O grande problema é que o carregamento é bem mais lento que o HD 720: Full HD Interpolado: Esse formato é totalmente forçado (pode parecer brincadeira, mas é). Diversos fabricantes (como a Sony, por exemplo) teimam em manter esse formato nas filmadoras, usando como água divisora de tecnologias. Câmeras que filmam Full HD mas interpolado, são para Home Vídeo, casamentos, aniversários etc. E as que filmam em progressivo (tópico acima) são para cineastas independentes, estudantes de cinema (enfim, gente que pode pagar mais). Um forte exemplo disso foi discutido anteriormente por aqui, onde recomendei a camera Sony NEX VG20, mas não a Sony NEX VG10, que só trabalhava em interpolado. Infelizmente, não consegui achar um vídeo de exemplo para Full HD interpolado, mas consegui uma imagem para vocês de como um vídeo Full HD interpolado é exibido quando pausado. As linhas do interpolamento de frames é bem visível, como podem ver: Anamórfico panavision (4:1, 2.35:1, 1.85:1 etc): Estes são outros formatos, com sua história própria e seus próprios incômodos. Em geral, eles são bem funcionais para Web. Para TV, eles ficam bem limitados (principalmente TVs SD antigas) e quase 50% da tela é desperdiçada em barras pretas (conhecidos no mercado profissional como Letterbox). O material sobre estes formatos pode ser encontrado em qualquer livro sobre a história do cinema ou na internet e é muito vasto para ser discutido agora, porém eu separei para vocês uns vídeos em formato desse tipo (abaixo), assim vocês podem visualizar as diferenças entre eles: 2.35:1 1.85:1 Segue também um vídeo em um formato que se popularizou com as cameras de celular (principalmente do iPhone), o verticalVID: Espero que vocês tenham gostado. Qualquer dúvida, é só comentar logo abaixo!