A melhor parábola para começar este post não poderia ser outra se não aquela da caneta da Nasa. Lembram? É assim: à época daquela corrida insana para ver quem colocaria o primeiro homem no espaço, os americanos depararam-se com um problemão: canetas esferográficas não funcionam em ambientes de gravidade zero. Gastaram milhões para gerar uma solução que desse conta deste problema, envolvendo duas ou três grandes universidades e os melhores cérebros de então. Os cosmonautas russos, que efetivamente chegaram primeiro, levaram um lápis.

Trânsito: não saia de casa com ele.

Pois foi essa a sensação depois de ler a matéria de capa da Época desta semana (16/03). Antes de seguir, cabe uma observação: a Época é sem dúvida nenhuma a melhor revista semanal do Brasil. A mais antenada, a que melhor trabalha seu “papel” com sua “tela”, ou seja, que melhor integra as mídias digitais e não digitais, oferecendo seções bacaninhas como “bombou na web” e uma seleção de blogs bem relevantes. Mas, apenar disso deu um pequeno escorregão. A matéria, super pertinente para quem se aventura a ser Profissional Freelancer discutiu o caos que o trânsito da cidade de São Paulo mergulhou, com o recorde de 221km de engarrafamentos. A maior cidade do país, onde muitos mercados (TI, Propaganda, Design) despontam e se afirmam como líderes no cenário nacional, vê dia após dia, seus profissionais estagnados em horas de filas intermináveis. Paralisar a riqueza humana, o seu poder produtivo é o dado mais preocupante. Não vou me aprofundar nos temas que foram, repito, inteligentemente abordados (colocaram quatro repórteres para usar cada um, um tipo de transporte diferente. Até a Francine Lima estava lá), inclusive com a explanação sobre oito soluções possíveis. Prefiro aqui comentar rapidamente uma grande falta que não consegui explicar...

Onde estavam os home offices?

Aqui para a comunidade do Carreirasolo gostaria de registrar que a vida de Profissional Freelancer pode representar por si só uma solução, ainda que individual, para fugir do caos do trânsito paulista. O quanto não se economiza trabalhando em casa, já pensou? Você pode montar seu home-office utilizando apenas uma mesa, seu micro, um telefone e uma boa dose de organização; realizar seu trabalho 80% alocado em sua própria casa. Não que os deslocamentos deixarão de existir, afinal, você não fez voto de clausura, mas você pode reduzir em mais de 50% as horas gastas em deslocamentos. Sei que o nível de maturidade das empresas brasileiras passa longe de encarar uma realidade em que profissionais (colaboradores, funcionários, empregados...) ficam em casa e vêm ao escritório apenas em reuniões pontuais e decisivas. Sei também que estes mesmos profissionais encontrarão dificuldade em estabelecer metas e manter a disciplina e dedicação que este tipo de modelo de trabalho determina. Sei, igualmente, que à vista de clientes tradicionais, o Profisisonal Freelancer é tudo, menos profissional. Sei, claro, que esta pauta deve ter passado pela pergunta: mas será que quem trabalha em casa não é de um classe diferente das que se movimentam todo o dia pela cidade? A discussão está apenas começando. Só queria lembrar que, trabalhando em casa o talento se movimenta. Movimentando-se lentamente pela cidade, o talento e poder produtivo de uma geração inteira, soa estagnado. E vocês, leram? Se não, corram para a banca mais próxima que ainda dá tempo. Se já, comentem!