Uma coisa essencial na vida do frila é ter bons clientes. Afinal, não é só quem está pagando que avalia e seleciona com quem trabalhar. Um profissional sério (freela ou não) não sai por aí trabalhando com qualquer um. Ter uma atitude séria e profissional vai espantar os clientes que você não quer por perto. Naturalmente. É claro que no começo não dá para selecionar muito, mas uma boa atitude sempre ajuda a espantar os piores clientes. É mais ou menos como conhecer namorado: quando eu era solteira, cortei o cabelão loiro e descobri os caras que gostavam de mulher de cabelo curto estavam muito mais de acordo com meu target. E nessa época conheci meu marido, que se interessou pela cabeleira curtinha. Tenho um amigo que gostava de usar bigode porque afastava todas as mulheres que não iam gostar do estilão alternativo dele. E por aí vai. Se você finge ser uma coisa que não é, vai atrair gente que quer uma coisa que você não é. Se isso vale para amigos e namorados, vale para o trabalho também. Se o cliente já chega cheio de papo, querendo desconto, pedindo uma coisinha extra, regateando e se mostrando pouco profissional, e você simplesmente não dá conversa, ele vai embora. Olha só que beleza: você descobriu uma maneira de se livrar de clientes pão duros, chatos e remerrentos, sem nem fazer muito esforço. É claro que é bom ter bom senso, e certa flexibilidade, caso contrário ninguém vai querer trabalhar com você. Mas isso não significa fazer de tudo só para agradar. Seja sério e se dê valor. Parece óbvio, mas tem muita gente que ainda não aprendeu essa lição.

Quantos e de que tipo?

No mundo ideal, todo frila teria uma meia dúzia de clientes simpáticos, que pagassem bem e em dia, não pedissem coisa demais, não mudassem de idéia no meio do projeto, não deixassem a gente muito tempo sem notícias, e ainda fizessem um cafuné de vez em quando. Como isso não é possível, o importante é se esforçar para ter alguns bons clientes, que mantenham um fluxo razoável de trabalho (e mais ou menos constante). Trabalhar para um cliente só é colocar todos os ovos na mesma sacola, enquanto trabalhar com clientes demais, na minha opinião, deixa o relacionamento meio solto e distante demais. É muito importante ganhar a confiança do cliente, pois uma vez que isso acontece, ele tende a pegar menos no seu pé e dar mais liberdade. E quando você já conhece o cliente, é mais fácil (e rápido) saber como trabalhar, o que priorizar, o que pode ser negociado e o que é melhor nem discutir. Mas atenção: nem sempre o cliente que paga mais é o melhor. Eu às vezes prefiro trabalhar com uma pessoa que não pague assim tão bem mas seja descomplicada, que me dê liberdade para fazer um trabalho legal (e do qual eu possa me orgulhar), que pague em dia, que não fique mudando de idéia o tempo todo,e com quem eu tenha liberdade para negociar o deadline quando me enrolar (desde que isso não aconteça sempre!). Às vezes a gente fica de olho grande em um pagamento muito alto, mas o cliente é tão chatinho que você é obrigado a refazer tudo inúmeras vezes, a se aborrecer, a atrasar outros trabalhos, e no final das contas o dinheiro acaba nem compensando o tempo perdido e a queimação de filme com os outros clientes.

Manutenção

Depois disso, é só manter o que você conquistou. Nessa hora, valem as dicas óbvias: não se acomode, continue fazendo o melhor possível, não relaxe e baixe o nível do trabalho só porque o cliente está no papo mesmo. Entregue sempre um pouco mais do que foi pedido. Não muito, para não se desvalorizar, nem exatamente o que foi pedido, porque isso passa uma impressão de que você é preguiçoso ou ganancioso. Um dia, se o relacionamento estiver indo bem, é a hora de pedir uma promoção, certos privilégios ou um aumento. Saber a hora de pedir esse tipo de upgrade não é fácil. Mas isso é assunto para outro artigo, outro dia.