Fosse você um canguru, por instinto saberia que sua vida não seria fácil desde antes do início. Isso porque teria que sair do útero de sua mãe, ainda como feto. Caminharia dolorosamente pelo corpo da progenitora e, finalmente, sentiria-se abrigado na bolsa marsupial para, ali, completar a sua gestação. Desde sempre teria consciência que passaria por dois rituais de nascimento, um tão traumático quanto o outro. The Kangaroo pack Creative Commons License photo credit: Casey Serin Já se fizesse parte de uma determinada espécie de peixe, teria outro destino. Após a sua fase de ova, quentinha e grupal, teria que rapidamente nascer e ir se esconder na boca...isso mesmo...na boca daquela que você julga ser sua mãe. Motivo? Não ser comido por outras fêmeas do bando. Literalmente, seu assanhado. Pior ainda (pelo menos do ponto de vista antropocêntico, esse vício tão humano) seria o seu destino se viesse contemplar a existência desse planeta, no formato de um ser unicelular pré-histórico, algo próximo a uma ameba. Você teria que se dividir em dois para poder dar prosseguimento a sua espécie. Ah sim, e não teria consciência. Apenas uma suave desconfiança, na verdade, de que sua programação genética teria uma instrução sinistra gravada em seu código: if idade = maturidade sexual, then corta esse mané em dois”

Você acha realmente que, como profissional freelancer, sua vida é diferente?

Claro que não. Os três momentos que mais parecem metáforas bonitinhas em uma terça-feira chuvosa (sendo mais uma vez antropocêntrico e tremendamente bairrista estou falando do tempo no Rio de Janeiro), mostram que para seguir em frente, você tem que nascer de novo, evitar ser engolido e se dividir em vários. Isso, claro, se deseja deixar algum legado para um incerto futuro. Ou, ainda, se deseja em sua própria existência usufruir um pouco mais do que pão e circo. Excluindo aí a confortável posição de não ser o palhaço da história. Pense nisso. E comente.