bazar-e bozorg, isfahan october 2007
Creative Commons License photo credit: seier+seier+seier Tempo de crise é sempre tempo de oportunidades. Esse mote é antigo, mas continua tão verdadeiro quanto sempre foi. Eu tenho quase 15 anos no mercado e esta é a minha segunda grande crise e alguns aprendizados ficaram, tantos vieram do bom senso mas a maioria veio porque eu não me dei exatamente bem e tive que aprender rápido pra evitar que a vaca fosse pro brejo de vez. Portanto, vamos cuidar das vaquinhas, certo? Em um período de fartura onde os contratos, volta e meia, apareçam rechonchudos ou o cliente pede pra quase dobrar o valor pois “o cliente dele não está acostumado com valores tão baixos”, os pagamentos miraculosamente entram, as vezes até antes do prazo e coisas assim do tipo que o santo desconfia, é sinal claro de que as coisas, em pouco tempo, vão ficar cinzentas. E ficam mesmo. No 11 de setembro, meu faturamento mensal foi de 10 para zero em três meses e eu só consegui passar o ano por causa do dinheiro que foi poupado. Me empolguei com tais contratos, investi bastante em máquina e de repente ficou tudo um breu só. Quando bate a crise, as pessoas ficam mais doidas, mais atarefadas e acaba acontecendo com os projetos uma ou outra situação: ou o prazo fica mais insano ainda ou fica indefinido, congelado, pois todo mundo para pra pensar mais, para revisar melhor ou para buscar outras aprovações ou mesmo incorporar mudanças em escopo e etc. Normalmente é um período de demissões e quem fica tem de trabalhar por duas ou três pessoas, assim sendo, perde-se um tempo danado avaliando e reavaliando decisões e projetos que estavam a beira de serem executados. As duas situações são enervantes, então, o que fazer? Use bem o seu tempo.

Dicas rápidas

  • O designer pode sair-se muito bem sendo estupendamente mais criativo e é esta a hora certa de propor coisas realmente inovadoras e com isto conseguir uma visibilidade maior e sedimentar carreira e carteira de clientes, coisa que de repente não funcionaria em tempos normais.
  • Produtores que consigam agilidade na sua engenharia de trabalho e, olha ela aí, através de inovações consigam orquestrar reduções inteligentes de custos e prazos podem ganhar mercado onde normalmente não conseguiriam. Este tipo de época deixa os clientes mais dispostos a ouvir novidades e a apostar em quem as consiga levar a cabo com eficiência. Tempo de crise é tempo de fazer diferente.
  • Se a situação for a de prazo doido, aquela pra antes de ontem, ainda assim, não descuide da qualidade e ainda mais, redobre a sua atenção pois certamente clientes estressados e com a corda no pescoço tendem a cometer mais enganos, sim, pense por eles, proponha mais e ao perceber algum erro, não se furte de parar o projeto e propor a solução, mesmo que isto, em primeira mão, coloque o prazo em xeque ou aborreça o cliente.
  • Em períodos como este, um erro, por menor que seja pode significar uma demissão, o cliente irá, certamente, lhe ser grato depois de tudo resolvido e esta atitude de serenidade perante o problema abre espaço pra te considerar como parceiro e, logo mais, quando a prosperidade retorna (e sim, ela retornará), teu trabalho não será somente reconhecido pela agilidade e sim pela qualidade e principalmente pela parceria.
  • Mostre-se mais, atenda as reuniões, se vista melhor e converse mais, seja mais gentil e caridoso. Em tempos de crise todos queremos amigos de todos os lados. Sendo apenas ágil, profissional e impessoal, quando as coisas voltam ao normal, você acaba sendo mais um.
  • Se o trampo deu aquela congelada, aproveite para revisá-lo bem afim de melhorá-lo ainda mais (não se furte a propor essas melhorias!) ou ainda para fazer trabalhos autorais (a gente não vive reclamando que não tem tempo?) revisite a época da faculdade, agora com todo o prazer da soberania autoral, torne isto um exercício prazeiroso e aproveite para incrementar o portfolio.
  • Outra dica bacana é, vá visitar os amigos. Convide-os pra almoçar, não pelo network, mas sim pelo prazer da amizade, puro e simples. Tratando bem o seu tempo, só coisas boas podem vir de volta.

Pra fechar

O multitalento é, por excelência, o profissional mais apto a surfar essa onda. Ele vale por muitos e por conta disto pode impor uma rotina enxuta de trabalho, tendo o seu custo-benefício muito mais atrativo do que o profissional convencional. Mas é importante saber se colocar e ter um plano, uma estratégia de oferta inteligente. Mas esse papo fica para o próximo post!