Conversa de elevador: eles vieram tocar aqui e se chamavam “Bons Tempos”. Tocam só música dos anos 60. O outro responde: não são os "Bons Tempos" não, são os The Beatles. Sorrisos constrangidos ao redor – elevador cheio, final de horário de almoço. O interlocutor responde: da outra vez que eles fizeram um show aqui no hall da empresa se chamavam The Beatles. Tenho certeza.

Enable Haughtiest Deejay
Creative Commons License photo credit: Epiclectic

A banda é uma animada reunião de jovens senhores, grisalhos, meio gordotes que tocam, obviamente, o repertório do famoso e eterno FabFour, ou, The Beattles. E tocam bem.

Longe de ser apenas uma conversa básica de elevador que morreu quando cheguei no meu andar, fiquei pensando como é perigoso ser o público de um cover. Pense: se você não tem ferramentas suficientes para distinguir quem está de que lado, como garantir que está frente a frente com o original?

É a mesma questão com a fidelidade de quem consome produtos piratas. Na cabeça dele o relacionamento com a marca é real, profundo e o faz, inclusive, quebrar paradigmas e correr atrás de preços mais acessíveis, para ter uma experiência com sua marca preferida. Leiam lá, porque o assunto aqui vai para outro caminho.

E o caminho é esse: você, um freela, até que ponto estará replicando manias, técnicas, macetes e truques de outros profissionais? Até que ponto um freela precisa fazer isso para se diferenciar? Até que ponto um freela deve correr deste tipo de coisa para encontrar seu lugar ao sol, num lugar ao sul?

Ser cover de uma tendência, de um modismo, de uma faixa de preço, de uma linha criativa...tudo isso, na minha opinião, é um grande tiro no pé de qualquer freela. Num mercado cheio de oferta, a procura fica mais fácil quando você tem perfil diferenciado.

Seu cliente, sua razão de ser, busca mais por menos. Mais qualidade por menos dinheiro, mais rapidez por menos prazo, mais dedicação por menos relacionamento. É cruel. E ninguém disse que o freela encontra só moleza pela frente.

Temos que ser mais soluções por menos dúvidas.

Caso contrário, em vez de Liverpool, tocaremos em pátios de empresas. Para sempre.