desafiocorp.jpgSeguindo na série de artigos sobre o Vício de Informação, que se não fez vítimas, vê crescer a cada dia o contingente de atingidos, aproveito para relatar que muito se falou nas últimas semanas sobre o fato. Logo aqui na Blogosfera, o René do Roda e Avisa acabou de colocar no ar um podcasting sobre o Complexo de Prometeu, algo como uma reflexão sobre o acesso a informação e o uso que fazemos deste acesso, das desculpas que utilizamos para não progredir (não tenho tempo, não tenho treinamento, ninguém me dá bola...). René, fiquei com a pulga atrás da orelha em um pequeno ponto: Seleção natural e Democracia pertencem à mesma esfera? Você diz quase ao final que tem dúvidas se o acesso à produção cultural planetária democratiza ou acelera um processo de seleção, mas a meu ver este processo é fruto do BOM USO dos meios democratizados, um uso proativo. Democratização seria do âmbito da infra-estrutura da fruição desta informação e a Seleção Natural fruto do uso. Enfim, cabe mais raciocínio meu e de todos sobre este tópico. Um pouquinho antes, no dia 21/03, a Ana Clara Cenamo já havia nos presenteado com o seu artigo Em busca da Terra do Nunca, onde levanta umas considerações pra lá de importantes sobre o modelo de vida que deixamos acontecer para nós mesmos. Citando-a:
Acordo todos os dias e tento renovar meus votos de que será diferente: programo minha agenda achando que vou conseguir sair mais cedo e ir nadar, caminhar, fazer alguma das coisas que gosto, além do meu trabalho (do qual gosto mesmo, genuinamente). Penso que vou chegar em casa e poder jantar com minhas filhas, ouvir as histórias do dia, contar as minhas, ouvir música, ler um pouco... se conseguir colocar as meninas para dormir cedo ainda me sobra o silêncio da casa à noite para sentar e escrever, este texto por exemplo. Mas, doce ilusão... são raros os dias em que consigo chegar até aqui antes da meia noite! E aí o corpo já pede arrego, exausto, e a alma sofre com tamanha impossibilidade de ter cumprido aquilo a que se propôs. Nesta repetição infernal me ocorre alguns “pop ups mentais”, como diz minha amiga Rachel Paroni, uma das criaturas mais vivas e intensas que já conheci. Um deles, que não quer calar, é a percepção de que vivemos uma era que poderíamos chamar de escravidão branca.
Enfim, gente conectada, gente apressada, nerds, pensadores, técnicos, executivos, professores, adolescentes, donas-de-casa, apresentadores de TV, participantes de Big-Brothers, moças do café, garotos de recado...todos estão sujeitos a onda avassaladora de informação que nos afoga num mar de entropia máxima. Uma Tsunami de entropia. A pergunta que fica: e as empresas, como estão lidando com isso? fenomeno-kirk.jpg[bb]Dois para subir, Sr.Checov Posso estar equivocado mas sempre enxerguei as empresas no cenário da Hiperfinformação como sendo uma daquelas salas de controle do Teletransporte no seriado Jornada nas Estrelas. Você entra no Tubo, move uma alavanquinha e pula instantaneamente de um ambiente anti-séptico e silencioso para uma civilização distante para a qual você levará sua mensagem de paz e trará novos conhecimentos e alguns esporos virulentos que o Dr. Mkcoy, entre um Drink e outro, tentará curar. Um grande filtro corporativo de “pode” e “não pode” que centralizava a informação, a compartimentava e distribuía pequenas gotas para poucos agraciados. A sala de controle sempre foi comandada por Capitães Kirks que não se importavam e segurar o que sabiam e acreditavam que seus comandados deveriam cumprir apenas a microfração operacional ao qual foram designados na entrevista de admissão, ou no concurso de seleção, ou no almoço em que se reuniu com seu primo que tinha um filho que acabara de se formar. Um fluxo na mão de poucos que nascia e morria entre um despacho e uma pasta suspensa. Hoje o cenário é outro. A informação não está na mão de poucos...e nem na mão de ninguém. Ela é uma entidade amorfa e de crescimento ultra-exponencial. A mensagem de paz diluiu-se em e-mails que circulam na velocidade da luz, os novos conhecimentos são, na verdade, montoeiras de apresentações PowerPoint, quilos de planilhas, páginas html e impressões, na maioria das vezes, desnecessárias (uma das coisas que me chocou na queda das Torres do World Trade Center foi a quantidade de Papel que voava...parecia que tinham implodido uma Gráfica!). Os profissionais, perdidos, ainda têm que se submeter a uma hierarquia não mais funcional, mas informacional, navegando em Redes e Pastas privadas, públicas, restritas, senhas...são eles os esporos virulentos? Sim. Foram largados ao balanço de uma maré que apenas sobe. E qual é a reação das empresas? Como elas instruem estes profissionais? Como são capacitados para romper a barreira da manipulação de dados e a geração de conhecimento? Como este diferencial competitivo é tratado, classificado, divulgado, armazenado? Como elas selecionam profissionais que saibam lidar com informação e torná-la foco de discussões e ações proativas? Quem organiza a vida de quem é refém da entropia máxima? O desafio corporativo, nos dias de hoje, é encontrar este alguém.