Há cinco anos não ia ao InterCon. Sim, sou um cara que não vai muito a eventos, #prontofalei. Isso porque, como portador de um cérebro humano modelo standard, tenho a tendência a achar monótono aquilo que já foi dito várias e várias vezes (aprendi isso ouvindo o Café Brasil 320, um podcast que indico a todos). E eventos, para mim, são um auto-reforço de seus mercados e soam na maioria das vezes, monótonos. Mas, resolvi apostar este ano e, parti para uma sexta-feira de comprometido a ouvir o que tinham para me falar Tiago Baeta, Luli Radfahrer e sua trupe. E quanta mudança, gente. Quanta mudança para melhor. Foi um dos eventos mais plurais dos que já participei, trazendo um pouco de cultura, um tanto de ciência verdadeira e um pitada aqui e ali de estratégia para redes sociais. Oxigênio criativo puro para organizadores e movimentadores do mercado digital nacional, que deveriam estar todos ali para aprender.

A Arena, palco de imperadores improváveis

Apresentador, doutor e professor, não necessariamente nesta ordem, Luli SEMPRE é um espetáculo à parte. Nos leva a confrontar conceitos e raciocínios muito a frente das tendências da moda, em um trabalho que acredito ser o correto. [caption id="attachment_11096" align="alignnone" width="640"] Se for escolher um só lugar, fique na Arena[/caption] Com a técnica adquirida anos à frente do evento, mesmeriza e já é aguardado por suas trocas de roupa e pelos High Fives que distribui pelos corredores. Mas, este ano, Luli nos apresentou outro mestre e juntos duplaram em uma palestra que pode ter mudado a cabeça de vários dos participantes. Seu nome é Fábio Gandour, cientista chefe da IBM Brasil. Acredito muito em inteligências não engessadas que se mostram felizes por pensar. Nada de filósofos niilistas ou poetas românticos, o pensar e sua apresentação precisam ser um exalar de felicidade, de transbordamento. E foram essas as sensações que os presentes (ou pelo menos eu) enfrentaram sob o tema “O que do amanhã já se pode saber hoje”. [caption id="attachment_11099" align="alignnone" width="640"] Ronald Golias e Steve Jobs tiveram um filho.[/caption] O dia nos apresentou ainda umas pitadas de storytelling com JC Rodrigues, Head da Disney Interactive Worlds Latin America, que nos relembrou a jornada do herói e de como ela acontece no Clube Penguin; uma palavra rápida mas fundamental de Moacyr Alvez Jr., da  AciGames e a conclusão da maratona, na voz do próprio apresentador, falando sobre o pós-humano, ou Transhumanismo, que é meio a fronteira entre homem e máquina que Asimovs falam há alguns anos, só que real. (Em outros ambientes rolaram ainda as palestras sobre métricas e o Hackaton. Aliás, o vencedor já tinha sido apresentado ao nosso grupo de discussão lá no Facebook, quase uma semana antes. Foi mal aí! Confira na programação do evento)

A sala dos Gladiadores possíveis

Já na turma das redes sociais, o clima era bem mais pragmático. O curador, Edney Souza, reuniu diversos aspectos e representantes da cena social para debaterem as questões (de sempre) branding, celebridades e web e empreendedorismo. [caption id="attachment_11098" align="alignnone" width="640"] Questão de mercado, os webcelebs[/caption] E se, na arena, teciam louros uns para os outros os Imperadores de Ciência, na sala dos Gladiadores, os leões corriam soltos, ou partiam em debandada, frente às acaloradas discussões sobre validade das estratégias para Facebook que determinadas marcas apresentam ao público de hoje. Na sequência, falando sobre as diferenças entre o empreendedorismo nacional e o da gringolândia, descontando a presente figura de Diego Remus, tivemos umas pontuações bem incisivas do próprio Edney, ao sinalizar o pouco “feijão com arroz” que alguns desenvolvedores comeram antes de se considerarem empreendedores. Boa, @interney. [caption id="attachment_11097" align="alignnone" width="640"] Hackaton. Parece nome de banda de axé, mas traz boas ideias[/caption] Neste ambiente mais focado em mercado, contas e faturamento, a última discussão que tive o prazer de presenciar valeu ter perdido alguns minutos na Arena principal. Por lá, debatiam a função do agente de celebridades web no cenário da produção de conteúdo, quando ouvi que “para nós é difícil trabalhar com eles, às vezes, porque muito dos caras trabalham só de madrugada e não no horário comercial”. Essa frase complementaria o puxão de orelha do Edney nos empreendedores “wannabes” e também a cinco anos de blá-blá-blás em eventos descolados e pixelados da moda. Quer dizer que é difícil trabalhar com uma criança não evoluída que acha que tudo precisa ser feito do jeito dela senão ela faz birra? Pois é...mas quem vive dizendo para essas crianças que é só postar 15 piadas por dia e 20 polêmicas por hora, montar um media kit e ficar rico? Não fomos nós mesmos? Seguindo na metáfora deste post: os Imperadores brilharam em seus salões e os Gladiadores tentaram posar de Cristãos recém-convertidos. Só que esqueceram que criavam leões dentro de casa. Ai, não há Nero que aguente. Quem esteve por lá, comente aí!
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