the-wrestler-outracoisa Nenhum filme, nessa curta história do Subsolo, nossa seção de resenhas e pensamentos aleatórios, falou tão precisamente ao foco do Carreirasolo.org como O Lutador (The Wrestler – 2008). A possibilidade de leituras, a narrativa crua e emocionante, a interpretação – ou apenas transliteração – de Mike Rourke... enfim... sentar e assistir o filme é entender uma das máximas sobre a qual já escrevi um post muito legal há vários anos atrás: olhar para o céu é ver estrelas mortas.

O Roteiro

Randy "The Ram" Robinson (Mickey Rourke) é um bem-sucedido pugilista nos anos 80 que é impedido de lutar depois de sofrer um ataque cardíaco. Assim, ele consegue um emprego em um restaurante, passa a morar com uma stripper tenta se aproximar da stripper que sempre o atende visando estabelecer uma insólita relação "estável" e, assim, levar uma vida mais "padrão". Mas não consegue resistir a vontade de retornar à antiga carreira, mesmo sabendo que isso oferece riscos a sua saúde. (Peguei essa no Cinema com Rapadura. Valeu Jurandir!) A medida que assitia ao desenrolar deste plot, conduzido com firmeza por Darren Aronofsky (de Black Flies, Fonte da Vida e Réquiem Para Um Sonho) fiz várias conexões com o nosso papo diário aqui sobre a vida dos freelas e de como isso pode nos conduzir a uma vida tranqüila ou a derrota atrás de derrota. Vamos entender por quê?

Resiliência vazia, sem missão

Randy resiste a tudo: ao tempo, a velhice, as crianças, a fama vazia. Mas sua resiliência (qualidade muito admitrada hoje em dia) é vazia. É interessante notar como temos profissionais repletos dessa resiliência vazia no mercado. "A internet não vai funcionar nunca", "web 2.0 é moda", "e-commerce não pegou", "lan-house não representa o grosso do público conectado no Brasil", "crise? no máximo uma marolinha". A resiliência vazia é a morte da missão. Tenha um missão e lute por ela. Não tenha uma luta e crie uma missão vazia ao seu redor.

Apego ao passado

Outro traço marcante é o apego ao passado. Randy, em seus momentos de tristeza mais profunda, olha o interior de sua minivan e seus recortes, inclusive de sua luta final, como quem vê estrelas mortas. A diferença é que ele ainda acredita que elas brilham. Prete atenção se você cultiva uma nostalgia segura e saudável ou cai de cabeça num cronômetro reverso de sua ambição, onde cada dia que passa foi pior que um passado irreal e fantasiado.

Falta de planejamento

Mesmo tentando sobreviver aqui e ali em feiras sobre seu mercado (o de luta livre), Randy vive o resultado de sua completa falta de planejameto. Cigarra com corpo de touro. Formiga do formigueiro alheio. Não planejou, não poupou, não lutou. Sobre isso falamos intensamente no FalaFreela#3, sobre Controle Financeiro. Dá lá uma ouvida!

Concluindo

O Lutador é um excelente filme. É emocinante sem ser piegas e nostálgico sem ser fantasioso. Trouxe pra cá, desapegado da neura de falar somente de lançamentos, para transformá-lo numa referência real para os profissionais que querem mais do que lutar ou vencer. Querem construir seus próprios ringues.