Carreirasolo.org

A história de Francisco Orihuela, ou Paco, o vendedor de praia que recusou uma oferta de um dos homens mais ricos do mundo.

Quando eu era criança, tive que ler um livro (sim, tive porque espontaneamente não leira nada de auto-ajuda) chamado “O maior vendedor do mundo” que, a despeito de tantos outros do gênero conta a história de um homem de sucesso e sua saga até o topo.

Mas e quando o conceito de “topo da carreira” de um vendedor de sucesso não tem nada a ver com os sonhos de 99% de todos aqueles que ficam em pé, no mínimo, 6 horas por dia para “defender o seu.”?

Paco, um adolescente de 15 anos e ambulante em Acapulco, é hoje o vendedor mais famoso do youtube, pois, com abordagem e metodologia próprias, esse autodidata do marketing de produto e da venda propriamente dita, sabe atrair a atenção dos banhistas e em poucas frases consegue torná-los clientes fiéis das empanadas preparadas pela sua avó.

A famosa “praia do Chaves” rendeu-se ao talento desse jovem que desenvolveu metodologia própria para vender as empanadas e tem feito muito sucesso. Tanto que dois clientes resolveram registrar a abordagem de Paco (Francisco Orihuela é o seu nome) e obtiveram nada menos de 13 milhões de views no youtube.

Diga a verdade. Quando vemos esse número de 13 milhões de visualizações, a primeira coisa que se pensa é: o que ele fez pra conseguir isso? É elementar, meus caros leitores, em 41 anos de vida e muita luta como a maioria das pessoas, aprendi que o sucesso é algo que gosta de surpreender as pessoas a quem agracia.

Além de chamar a atenção da imprensa mexicana cansada de noticiar o narcotráfico e a fuga de turistas do balneário por causa disso, Paco chamou a atenção de ninguém menos que Arturo Elías Ayub, diretor de parcerias estratégicas da empresa América Móvil, uma das maiores da telefonia móvel mexicana que fez uma verdadeira peregrinação no Facebook à caça do menino, assim, Paco fora chamado para ser parceiro de uma multinacional mexicana. E o que ele fez?

Ele recusou!

Não você não leu errado. Um menino de 15 anos, família humilde, que segundo ele mesmo desde pequeno levava doces e sanduíches para vender na escola porque sempre gostou de ganhar dinheiro, recusou uma oportunidade de abandonar as escaldantes areias da praia, e trocar a dura realidade de vendedor ambulante por uma confortável sala em um edifício corporativo com todas as comodidades que só os grandes executivos têm.

Claro que, mesmo quem não é e nem nunca foi vendedor na vida, se pergunta o porquê dessa recusa ao sucesso. Não é para menos, se vender em loja com ar condicionado e produtos com propaganda em todos os canais de mídia já é difícil, imagina nas areias escaldantes de um balneário que, segundo dizem, está decadente.

A parceria com a empresa mexicana seria na forma de: primeiro uma bolsa de estudos para Paco aprender na teoria o que ele já faz na prática e um posterior excelente emprego.

Paco, em contrapartida ao mundo dos negócios, não deseja se descaracterizar ou mesmo que isso signifique o crescimento do seu empreendimento. Tanto que, segundo ele mesmo disse à Televisa Mexicana (umas grande emissora de TV de lá), está um pouco afastado das areias de Acapulco porque teme que, com a popularidade que o seu vídeo atingiu, ele se desvie do seu propósito que é o de vender as empanadas com toda a metodologia desenvolvida por ele mesmo, porque é assim que ele é feliz. O que justifica também a sua recusa às propostas de emprego.

Não é lindo isso? Paco criou uma página no Face (Paco el mercadólogo del Futuro) onde gosta de dar conselhos, dicas de técnicas de vendas e compartilhar suas preferências. Mas, a receita de família das suas empanadas (que agora ele mesmo faz) ele não compartilha, afinal, o segredo do sucesso é o segredo

Apesar de dar lições de empreendedorismo para gente de todas as idades, Paco ainda é um menino de 15 anos, por isso, presta contas de suas vendas a seus pais. Ela jornalista e ele publicitário. Eis aí a resposta! Árvore boa sempre dá bons frutos, pois, ele mesmo diz que aprendeu tudo com os experts que são seus pais e que ouvir os mais experientes é necessário para atingir o sucesso.

Não é à toa que ele desenvolveu sua própria técnica de abordagem:

“Olho para cada cliente, analiso bem e digo: ‘para esse vou oferecer empanadas assim’. Faço a propaganda para convencê-lo de que é especial. Depois, rimos juntos do meu empenho. É aí, é só fechar a venda.”

Entenderam a fórmula? Primeiro ele analisa para conhecer o cliente, ou seja, faz uma sondagem visual antes da abordagem que, segundo ele, é personalizada. Depois faz o cliente rir com a variedade de sabores das suas empanadas “queijo com presunto e presunto com queijo” e pra fechar a venda ri de si mesmo e da sua forma de trabalhar, afinal, somo todos carentes.

Não me queiram mal, por favor, mas, se alguém que quer nos vender algo nos trata de maneira personalizada e nos faz sentir únicos naquele momento, basta ter o poder de compra, que a necessidade do produto fica em segundo plano, porque, comprar de um vendedor tão singular é a forma que nós, clientes, encontramos para dizer: “Obrigado. Você me divertiu, me fez sentir especial e melhorou o meu dia.”

Então, meu povo, a receita do Paco é simples

Ele não vende empanadas, vende sorrisos! Faz o cliente rir e após isso ganha a sua confiança, o que faz investir nas suas empanadas e que, ao que parece, nunca se arrepender. Junte-se a isso o fato de Paco falar frases em português, alemão, italiano, russo, árabe, francês e inglês, além do espanhol e o cliente fica maravilhado.

A abordagem de Paco é sempre em inglês, mas se o cliente responde em um idioma diferente tentando surpreender, Paco não se intimida e fala na língua dele. Eis aí outra lição do menino prodígio: Ser acessível e destemido. Como não admirar?

Jürgen Klaric, professor americano e pesquisador de neuromarketing (união do marketing com a ciência que estuda a lógica de consumo), diz que Paco é “grande talento de vendas”.

Imagina o quanto esse menino nascido no tão marginalizado México (por estadunidenses a exemplo do Trump), intriga pesquisadores, empresários e marqueteiro dos EUA e do resto do mundo fazendo-os perguntar a si mesmos:

Como pode ele ter tamanho sucesso sem fazer uso das fórmulas mágicas tão difundidas acerca das técnicas de venda e abordagem adequadas para alcançar o sucesso?

Explicando a recusa, Paco e sua família esclarecem que não precisam do dinheiro da venda das empanadas, logo, fica claro para todos que Paco frita a sola dos próprios pés nas areias da praia, andando e oferecendo suas empanadas por horas a fio, por um único motivo: ele ama o que faz.

E convenhamos, onde há amor, não há ambição, publicidade, estratégia ou qualquer outro artifício que vença, afinal, o amor é algo que, quanto mais damos, mais recebemos.

Aprendeu?

Beijo me clica!®

Sair da versão mobile