Carreirasolo.org

Quem está escrevendo o roteiro da sua vida?

Estava eu outro dia dentro da barriga de um avião, sentado como se nada de anormal estivesse acontecendo além do fato de que, em minutos, seria arremessado a 500 km/h na mão de controladores de voo conhecidamente pouco competentes, quando tive um estalo. Não eram meus ouvidos pressurizados.

Um bebê chorava. Três fileiras à frente alguém lia um jornal. Outro prestava atenção nas instruções de segurança. Risos ao fundo. Estava montado o cenário. Ou melhor, o roteiro.

Alguém que tenha visto pelo menos um filme catástrofe na vida sabe que, nos sete primeiros minutos, tudo será sempre irritantemente normal. Pais saem para trabalhar com o copo de café na mão, o menino joga o jornal no jardim e dispara o regador automático, os vizinhos de sempre trocam acenos antes de entrarem em suas minivans e por aí vai.

O que vem depois? Claro: a terra é invadida, um dinossauro passa correndo, Dr. Brown volta do futuro. É batata: o lugar comum antecede a hecatombe. E eu testemunhava um desses momentos! Que estranha sucessão de lugares comuns estava acontecendo. Temi pelo pior no exato momento em que decolávamos.

Fui e voltei e está tudo certo. 😉

Claro, estou aqui e nada demais aconteceu além de horas em trânsito para lá e para cá em mais uma viagem “bate-e-volta” nas terras de São Paulo, essa capital do país do futuro. Mas esse estalo me levou a pensar sobre uma interessante reflexão e provocação aqui para a turma do Carreirasolo.org.

Até que ponto nos deixamos prender a um roteiro não criado por nós?

Como um de nossos temas principais é o Protagonismo, fiquei pensando durante vários dias sobre como deixamos roteiros escritos por outros guiarem a produção cinematográfica de nossa própria vida.

Acontece de várias formas, mas uma das principais é na esfera profissional. Você mal sai das fraldas e pergunta para todos ao redor: “mas, o que dá mais dinheiro hoje em dia?” E daí começa a montar a sua formação e ascensão profissional baseada nessa premissa.

Claro, você se esquece de calcular o tempo que vai levar para crescer profissionalmente e, principalmente, se essa onda vai durar até você chegar lá. Assim como finge ignorar (e está desculpado se não sabia) que 98% de sua atividade será cercada pela burocracia de sua área e não pelo fazer em si.

Ignora solenemente que, mesmo tendo “opinião”, “formação”, “disposição” e até “talento”, as aspas vão surgir sempre que no lugar do significado reinar o significante que, no caso, manda mais do que você por questões hierárquicas, econômicas ou por seu mais forte mesmo.

Por fim, exaurido, submete-se ao fluxo reinante e obedece às regras e predileções alheias e, no lugar de protagonizar o testemunho de seu tempo, vive como se não houvesse ontem, em um presente metódico e planejado para eliminar qualquer chance de diferenciação. Não é distopia, é só falta de visão e planejamento, meu caro.

Então, fique atento. Essa história é sua. Para aqueles que teimam em esbarrar com a felicidade e realização, não há escapatória. Escrever a sua própria história e fazer o que se gosta e cada vez melhor.

Ou então, esperar o filme passar os sete minutos iniciais.

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