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Estudantes pernambucanos criam óculos com tecnologia inteligente para deficientes visuais

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A tecnologia, quando utilizada para o bem-estar e melhorias na qualidade de vida de uma comunidade, é capaz de transformar vidas. Pensando nisso, um grupo de estudantes pernambucanos resolveu criar um óculos especial para deficientes visuais, sendo um acessório que vem trazer mais mobilidade e independência para quem precisa.

Desde 2013, o grupo formado Marcos Antônio da Penha, 27 anos, e mais cinco universitários criou o PAW –  Project Annuit Walk, um óculos com sistema GPS que auxilia os deficientes visuais a localizarem obstáculos em ruas movimentadas da cidade.

No início do projeto, o protótipo (que teve 6 versões até chegar ao experimento final) seria um substituto da bengala. Porém, após pesquisarem e entrarem em contato com um grande número de deficientes visuais, viu que a empreitada não seria possível, já que a maioria tem o acessório como um senso tátil de grande peso psicológico. Em equipe, decidiram projetar o óculos como um complemento, que alerta o usuário sobre algum perigo à caminho, como também indica uma melhor rota por meio de uma pulseira inteligente. Ao chegar perto de um obstáculo, a pulseira emite um vibração mais intensa.

O acessório wearable funciona por meio de raios ultrassônicos em um ângulo de 120º, o mesmo recurso utilizado nos sensores de ré dos automóveis. O óculos interage com um aplicativo de celular, que mapeia os objetos presentes nos trajetos e alerta o usuário, servindo como uma espécie de GPS. 

Marcos explica que a tecnologia também serve para pessoas que possuem múltiplas deficiências, não restringindo o seu uso apenas aos deficientes visuais: “Usamos um sistema de localização parecido com a utilizada pelos morcegos. Eles vão emitindo sinais sonoros que não são percebidos pelo ouvido humano e, ao encontrarem algum obstáculo, estes sinais voltam, e é possível calcular a distância dos objetos.”

O projeto não tinha a finalidade de seguir para o consumidor, mas com o tempo, a equipe resolveu ampliar a experiência e conseguiu grandes melhorias. Antes, o protótipo era apenas um projeto acadêmico, mas vendo o entusiasmo e a importância da empreitada para os usuários, eles decidiram levar adiante e buscaram parcerias na Campus Party Recife, em 2014.

Pelo grande impacto social que o acessório possui, o PAW acabou ganhando a sétima edição do Word Summit Youth Award, evento realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que visa incentivar jovens em todo mundo a criarem projetos com conteúdos digitais que sejam importantes para a sociedade.

Os acessórios vestíveis ainda não possuem preços atrativos para o consumidor brasileiro. Porém, o PAW possui um custo estimado de R$ 45, sendo uma tecnologia em conta e ao alcance de todos. Por enquanto, o wearable não está sendo vendido.

No Brasil, estima-se que 6,5 milhões de pessoas sejam deficientes visuais, sendo 314 milhões em todo o mundo, segundo dados da ONU. Provavelmente, o experimento brasileiro será o primeiro a entrar no mercado para atender de forma satisfatória as diversas necessidades das pessoas em vários países.

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