Mais do que isso, nos faz pensar no estado de coisas distópico que essa era de informações pré-filtradas nos leva a viver. E como isso nos põe em erro constantemente em nossas avaliações e opiniões apressadas. Mas, dito isso, o que resta além de correr para as montanhas? Ficar e lutar? E se sim, como? Com que armas?
Acredito que a única possível seria aquela que situações como essas parecem querer nos tirar, certo? O conhecimento. Entendido aqui como algo amplo e encarado em sua questão panorâmica. Daí, pensei em trazer um episódio apenas com dicas de livros, filmes e documentários para nos ajudar a encarar os anos da já chamada “Era Trump”. São eles:
Admirável Mundo Novo: a obra de Aldus Huxley nos propõe um futuro no qual as sensações são mais fortes o que as opiniões e que castas pré-classificadas e criadas em laboratório se encarregam de funções determinadas para fazer o mundo funcionar.
1984: a distopia das distopias nos apresenta o conceito de Duplipensar, em um constante esforço de reescrever a história pregressa do seu povo em contraste com a inimizade pelo Outro.
A Bússola de Ouro: na verdade, toda a trilogia de Philip Pullman. Ela nos coloca frente a frente entre uma guerra interna (e externa) entre consciência e dogma e de como isso nos nubla a visão para a complexidade e beleza das múltiplas realidades que nos cercam.
The Filter Buble: o livro do Eli Pariser já foi indicado por aqui inúmeras vezes. É que ele não pára de ficar mais e mais pertinente. O ponto de partida da obra – que nos conta como os algoritmos tem intermediado e criado a realidade das bolhas de percepção – , é justamente a constatação de que newsfeed de republicados e democratas são absolutamente diferentes.
The Circle: conta a história quase-ficcional de Mae Holland que aceita trabalhar na maior corporação do mundo e se vê as voltas com a necessidade de participar de todas as comunidades para as quais é convidadas, sofre pelas novas regras dessa meritocracia forçada e baseada em auto-indulgência. Um detalhe importante: o livro meio que preconizou os Spectables lançados recentemente pelo Snap, ao propor que políticos tivessem suas vidas filmadas 24 por dia.
Citizen Four: o documentário que acompanha a trajetória de Edward Snowden para se tornar o inimido número 1 dos EUA nos mostra que, sim, somos vigiados. E ponto. E vai piorar.
Este textinho do Michael Moore: os “5 motivos pelos quais Donald Trump será o novo Presidente dos EUA” soou peça de ficção em julho. Hoje, o mundo soa como tal. Nas palavras de Moore, “vivemos em uma bolha acoplada a uma câmera de Eco.”. E isso explica muita coisa que está acontecendo no meio-oeste americano.
A revolução dos bichos: como ondas libertárias podem se transformar em tiranias, mesmo no mundo do bichos. O livro curto de Orwel – o mesmo autor de 1984 – , talvez soe até como esperança do contrário acontecer por lá nos EUA. Vai que…
A onda (Die Welle): o filme alemão que tem uma refilmagem americana conta a história de um experimento feito por um professor que dividiu a turma entre opressores e oprimidos. Alguma dúvida que vivemos nós também experimentos semelhantes?
O assunto se esgota com essas nove peças? Claro que não. A questão política está explanada aqui? Igualmente não. E para isso eu indico o Anticast e o Mamilos sobre o tema, ambos ótimos. Minha ideia foi tentar dar a você uma base fora justamente dos newsfeed, tão contaminados, para ajudar a forma a sua opinião. A Sua. Não a minha.
Aliás, é ela que queria ouvir nos comentários abaixo.
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