Antes de escolher um programa de edição não-linear, de comprar uma máquina parruda; enfim, antes de colocar a mão na massa, é preciso aprender a observar. Um bom editor de vídeo é aquele que enxerga e percebe detalhes à sua volta. É um profissional com percepção além da maioria dos mortais. E esta característica é adquirida, conquistada através de estudo, pesquisa, interesse pelo comum e pelo raro. É esta bagagem, misturada com criatividade, que fará você dar o primeiro passo em direção ao trabalho com edição de vídeo. Vamos a três lições rápidas:

Contexto e continuidade, sempre existe um por quê

Em edição de vídeo, nada é feito por acaso. Não adianta querer colocar um trecho acelerado, uma transição com formas mirabolantes ou um zoom in/out repetidas vezes sem um propósito. Estética é fundamental, mas contexto e continuidade são os pilares de todas as regras. Festim Diabólico (Alfred Hitchcock) Em Festim Diabólico, de Alfred Hitchcok, são usadas apenas 10 tomadas de plano-sequência. A câmera passeia pelos cenários, sem cortes. Estes somente acontecem quando o rolo de filme termina. O motivo é não tirar os olhos do espectador da cena de um crime que ele próprio testemunha no início do filme.

O cinegrafista é o melhor amigo do editor de vídeo

A câmera produz a matéria-prima que será moldada pelo editor de vídeo. Nada mais pertinente do que contar com um profissional que saiba manejar a máquina e extrair o melhor ângulo de cada cena. Sem sombra de dúvida, é essencial discutir em dupla para que o resultado seja positivo. Kill Bill vol.1 (Quentin Tarantino) Impossível imaginar uma das cenas mais marcantes de Kill Bill , de Quentin Tarantino, sem esta parceria. Aliás, ele é conhecido pela agressividade e pelo ritmo frenético de suas produções. Neste caso, o trabalho em equipe é ainda mais importante porque existe a figura do diretor e de muitos cinegrafistas numa tomada de ação extremamente complexa.

Em vídeo, áudio é tão importante quanto imagem

Na maioria das vezes, imagem e áudio estão tão unidos que esquecemos que ambos têm identidade própria. Apesar de um não existir sem o outro no que se refere a vídeo, podem sim ser editados em separado. Aliás, a graça de algumas edições está justamente num sobe som aqui, num background ali, ou até mesmo numa imagem sem som ou com um áudio que não pertence originalmente àquele trecho, como acontece em notas cobertas do telejornalismo. A Bruxa de Blair (Daniel Myrick e Eduardo Sánchez)
Na última cena de A Bruxa de Blair, de Daniel Myrick e Eduardo Sánchez, o áudio é fundamental. As imagens sem som nos passariam a sensação de confusão, de trechos sem sentido e mal cuidados. Quando aumentamos o volume, escutamos gritos e respiração ofegante. O que faz toda a diferença num filme de terror: o pânico. Dica: Crie o hábito de assistir muitos vídeos, o tempo todo. Isso fará com que aumente suas opções na hora de editar qualquer material. Vale cinema, TV, clipes. Deixe o preconceito de lado e invista tanto nos antigos quanto nos novos. Um bom exercício é contar o número de cortes dado em cada sequência. Você vai começar a perceber que existem certos padrões bem distintos, e que os vídeos inovadores geralmente fogem desta receita de bolo. No entanto, correm o risco de ser geniais ou verdadeiras catástrofes. Por hoje é só pessoal. Comentem!