Fique atento e descubra qual dos dois é você

Sempre que publiquei algo sobre gestão de projetos e processos na vida do freelancer, enfatizei aquela que é base de qualquer raciocínio neste sentido: prazo, preço e escopo. Não fiz isso se não pelo motivo básico de que a química (ou alquimia) entre os três é uma das únicas formas saudáveis de se sobreviver trabalhando, produzindo e fazendo estas duas coisas muito bem. Mas, o tempo passou. E eu, hoje, empreendendo, contratando, liderando projetos, conquistando clientes e, quem sabe, 85% do mundo civilizado (parece que 15% o Carlos Merigo já levou!); deparo-me com freelancers que estão confundindo de forma perigosa a questão “tempo” nesta equação. Explicações a seguir.

O tempo real mal entendido

Temos aí uns 15 anos desde que os primeiros profissionais digitais aportaram na Terra Brasilis. Nesta “uma geração e meia” assistimos a migração de designers, jornalistas, publicitários, enfim uma miríade (consegui usar!) de funções e técnicas que foram, em um primeiro momento, adaptadas do fazer analógico e depois, pouco a pouco, assumindo seus contornos digitais. Nos últimos cinco anos, contudo, temos uma geração nascente de profissionais que são, em essência digitais. Instantâneos. Multiconectados. Pois é, a geração cromossomo Y. Em paralelo a chegada deste pessoal, nossos projetos, start-ups e ferramentas também mudaram. Se nesta época começamos a falar em colaboração, agora, falamos em pulverização compartilhada. O conteúdo é em tempo real, twittado e facebookado espasmodicamente. Daí, a turma que chega e se diz especializada em, adivinhem em que?, no instantâneo.

E como isso explica a diferença entre o rápido e o apressado?

Uma vez se colocando como especialista de alguma coisa social, o nascente profissional vai ao mercado, publica seu site, seu blog, seu twitter, seu flickr, seu “qualquer coisa”, começa a trabalhar em uma ou outra agência e, por ventura, acaba contratado para um projeto de produção de conteúdo.

E é aqui que o rápido e o apressado começam a se diferenciar.

O profissional apressado entendeu mal a dinâmica entre os movimentos das redes sociais e o conteúdo para onde elas apontam. A partir desta suave miopia tenta transpor a realidade telegráfica e pouco concatenada dos 140 caracteres para artigos, resenhas, análises, vídeos etc. Quer fazer no mesmo tempo das twittadas para uma marca que o contratou, um conteúdo mais denso. E não os faz complementares. “Ah, que papo mais 2005”, diria você. Em termos umbilicais, pode ser que sim. Mas quem trabalha sob a dinâmica do mercado e sabe que clientes contratam olhando seu público consumidor e, mais, que este público não é só seu colega twitteiro, sabe que diferentes conteúdos demandam diferentes toques. O profissional apressado acredita que o tempo irresponsável é o tempo real. O profissional rápido olha mais a frente. Ele vai entregar sua ação em redes sociais entendendo, sim, que ela precisa ser criada e monitorada em tempo real. Mas uma vez contratado para produzir conteúdo realmente relevante, sabe que a dinâmica é outra. Que a densidade é outra. Que o tempo de leitura será outro. O profissional rápido cria para o público do cliente. Então, se você, jovem cidadão que ao completar 18 anos nem sequer mais precisa servir ao exército, aliste-se no pelotão dos Profissionais Rápidos, pois é deles que o mercado precisa. Os apressados vão se cansar antes do final.