Acabei ontem o Ficções de Jorge Luis Borges. É um de seus livros mais famosos, responsável pela divulgação de sua obra e de sua maneira atípica de contar histórias. O que mais me chamou atenção foi a importância que ele dá a duas "entidades" presentes em todos os contos: o tempo e o labirinto. Algumas vezes figuram quase como sinônimos um do outro, outras de forma literal para nos contar uma verdade maior, mas que cabe na palma de cada mão. Os exemplos são vários: um deus que se descobre demiurgo, e depois apenas criatura; uma biblioteca onde todos os livros escritos e os não escritos esperam pelo leitor, dispostos em octógonos um sobre os outros; um escritor condenado à morte que recebe o milagre da suspensão do tempo para completar sua obra; um detetive que tenta desvendar crimes abribuídos a um intrincado enigma que na verdade é, ele próprio, sua carta de execução. Enfim, a leitura de Borges é fundamental para todos aqueles que, como eu, ficam às vezes intrigados com a passagem ou não de um tempo que nos dá muitas voltas, num mundo construído sobre bases frágeis de uma biblioteca onde tudo já foi dito, mas quase nada foi entendido. Recomendo e assino embaixo.