Pedro e eu começamos a conversar justamente para falar de outsourcing. Ele me sondou para o cargo de Gerente de Projeto que trabalharia à distância, esquema home-office, através de um método de remuneração flexível interessante: você ganha mais por quantos projetos forem destinados a sua carteira.

Conversamos longamente (via Skype) e, ao final, percebemos os dois que, dada a minha ocupação atual seria difícil corresponder a demanda. E repensamos a proposta para uma parceria mais a longo prazo.

Após a conversa, vi que ali tinha conteúdo interessante para vocês, leitores do Carreirasolo.org, e combinamos uma entrevista justamente para falar de seu processo de trabalho e de sua opção por Profissionais Freelancers e como ele lida com isso.

A seguir, um pouco da história que tem tudo a ver com o Carreirasolo.org

Fazendo um paralelo entre uma das especialidades da Dynamo (SEO) e o trabalho Outsourcing: é fácil encontrar o profissional certo?

Ótima pergunta, Mauro. Acredito que isso depende da sua definição de "profissional certo". Nos últimos tempos eu tenho notado uma onda crescente de anúncios de "Contrata-se Profissional que saiba fazer site aparecer no Google". Ai fica complicado, né?

SEO é um ciência bastante abrangente (sim, muito mais do que meta-tags) e com isso, ela tende a criar seus sub nichos e subcategorias. Você precisa saber o que quer e ai ver um profissional que atenda aquela necessidade essencial.

Se precisa de alguém só para cuidar de análise de palavras-chave, ou então para análise competitiva, por exemplo, fica mais fácil de encontrar candidatos e saber se a pessoa vai dar conta ou não, porque está mais claro o que se espera.

Nesse sentido, acho que os profissionais que conseguem contextualizar seus conhecimentos saem ganhando na hora de faturar um job ou vaga. É muito mais fácil receber e se identificar com um currículo de uma pessoa que que diz "Estou muito acostumado a programar em PHP, .NET, como o sistema de gerenciamento online de clientes que fiz mês passado para um cliente" do que um currículo que somente diz "Programação: PHP, JAVA e COBOL".

Gente qualificada têm... mas aí fica a pergunta: "Qualificada para que exatamente?". Sem saber qual sua necessidade exata, fica difícil de se encontrar o profissional ideal, não é?

Você pode citar pra gente dois pontos positivos para o empregador?

Nossa, posso citar vinte sem pestanejar. Acredito que um dos mais fortes, para o empregador, é a flexibilidade com que se poder criar, expandir ou diminuir equipes "on demmand".

Você pode rapidamente montar sua equipe (contanto que você tenha seus processo e gerenciamento bem definidos e no lugar), e ainda aceitar aquele megaprojeto que só permite uma semana de preparação.

Em momentos como esse, a última coisa que você precisa é ter que se preocupar com filas de candidatos para entrevista em horário comercial, computadores extras, mobília, nobreaks, extensões telefônicas, ou mesmo licenças de software. E vice-versa ao final do projeto.

Outro ponto forte acredito seria o fato de que sua equipe não perde um precioso tempo (para você e para eles) de sua vida se deslocando, no transito, metrô ou mesmo taxi, para fazer um trabalho que todos sabem que poderia ser feito a distância.

Um candidato a uma vaga de gerente que entrevistei certa vez, já havia passado pela Microsofte recém havia largada a IBM justamente por não conseguir entender porque seus superiores não o permitiam adiantar parte de seu trabalho em casa ao invés de fazê-lo acordar às 6h para estar no escritório às 9h.

Quando sua equipe produz à distancia, como em home-offices, você sabe que mesmo que aquela reunião inesperada vá até mais tarde, ninguém tem que perder mais 1 ou 2 horas além do que já foi gasto, só para chegar em casa. E amanhã, advinha? Começa tudo de novo. E isso afeta diretamente a moral, animação e qualidade "overall" do trabalho. E pessoas felizes produzem mais e melhor.

E para o contratado?

Mauro, eu passo essa pergunta para três pessoas de minha equipe. Vamos ver o que eles disseram:

  • "Além de não ter um gasto diário com deslocamento, você pode montar seu escritório aonde você preferir. Eu viajo para praia, interior e serra durante a semana e isso não interfere em minha rotina diária." (Rafael Comin - Analista SEO)
  • "Você se sente muito mais a vontade em seu espaço, e mesmo tendo metas, produz muito mais. E ainda economiza, pois quem trabalha fora sempre gasta mais, seja em comida ou em alguma vitrine de loja que passe." (Gabriela Campanaro - Atendimento).
  • "Além de economizar 40 horas por mês no trânsito, você pode dormir até mais tarde". (Vagner Moreira - Gerente de Projetos).

Muitas empresas de sucesso investem no auto-empreendedorismo, ou seja, seus colaboradores são estimulados a criar seus próprios negócios, ou ter novas idéias para negócios, utilizando 20% de seu tempo na empresa. Como isso funcionaria para a Dynamo?

Em primeiro lugar, deixa eu dar minha opinião sobre a definição de "tempo na empresa". Quando você tem um ambiente de trabalho tradicional, acho que o "80/20" é uma boa estratégia para fazer as pessoas se sentirem mais a vontade para criar e conseqüentemente, compartilhar com você em primeira mão idéias e projetos em que estejam trabalhando.

O meu grande problema com esse tipo de "divisão" do tempo é que ele só reforça a idéia de que você, profissional, está trocando horas por reais. E isso é algo que com o qual eu nunca concordei. Você não trabalha para alguém - você trabalho para você mesmo, mas com outras pessoas e um objetivo em comum.

Se você não concorda com o objetivo do grupo ou empresa, procure outro objetivo com qual você se identifique.

Nós vivemos em um época na qual quem não produz ou agrega valor de alguma forma, não progride e ponto final. Por exemplo, você realmente acredita que alguém olhando para o relógio e pensando "falta só 20 minutos para eu ir embora" vai produzir algo de valor? Não tem como.

É justamente esta mentalidade que leva o dono da empresa a falar: "Precisamos dar um jeito de bloquear MSN, Orkut e email na nossa rede. Ai sim, tenho certeza que com essa medida super inteligente da minha parte, a produtividade de meus funcionários vai subir 200%".

Por favor! Se a maioria de sua equipe está fazendo isso, é porque eles sentem que não estão criando o valor (criativo ou braçal) que eles acreditam ter o potencial de criar ou agregar. E encontrar o perfil certo para o trabalho certo é responsabilidade da empresa, não do profissional.

E quando você trabalha com pessoas que compartilham dos mesmo valores e objetivos que você, que são ótimos profissionais e seus amigos, em um ambiente que respeita a sua capacidade de criação deste valor, aí é outra história. Porque você levaria a sua nova idéia de produto, serviço ou projeto para outro lugar?

Bom, agora que já tirei esse sapo da garganta (desculpa gente, mas que isso é algo que acredito ser primordial e que a grande maioria das pessoas simplesmente não entende), eu gostaria de responder a pergunta :)

Na Dynamo, a gente procura manter o clima mais relaxado e flexível possível. O pessoal da equipe se compromete de não ficar horas no telefone colocando o papo em dia com os amigos, e a diretoria se compromete de não ficar no seu pé porque você está vendo o placar do seu time do coração na internet, pesquisando quando abrem as matrículas do próximo semestre da faculdade ou auxiliando um amigo que tem uma dúvida pelo MSN.

É uma parceria sabe? Algo que só possível quando se trabalha com pessoas maduras emocionalmente, e com atitude profissional.

Se está funcionando? Por enquanto tem dado certo. Cerca de 60% das modificações nos produtos e serviços da agência se originaram de alguma forma das sugestões e/ou indicações dos funcionários.

Um exemplo muito recente que posso citar é um de nosso analista sênior de SEO, o Alexis, que estes dias ficou aguardando até bem mais tarde do que o fim de seu expediente, só para poder me explicar como ele tinha encontrado, por iniciativa própria, uma ótima forma de aumentar as significativamente as vendas de um cliente. Por que ele não esperou para o dia seguinte? "Por que é o tipo de coisa que você não pode esperar para amanhã. Tem que por para fora", disse ele.

Algum case de trabalho remoto que você lembre e que possa servir de inspiração para a galera?

Agora a pouco, eu comentei sobre como a vida pessoal e profissional precisam estar em harmonia. Olha só um exemplo: Um de nossos especialistas em SEM, Peterson, tem verdadeira paixão por um hobby nada comum: Ele vôa de planadores. E em alguns meses ele vai representar o nosso país no campeonato mundial de planadores, em Luesse na Alemanha.

O mais legal? Devido ao fuso-horário, ele vai poder representar o Brasil durante algumas horas por dia e ainda representar a Dynamo durante o resto do dia, pois vai trabalhar com nossa equipe aqui, durante o nosso horário comercial aqui no Brasil.

Nós vamos utilizar uma linha VoIPespecial, para garantir que os clientes consigam falar com ele. Só que eles eles nem imaginam aonde ele vai estar. Mas faz diferença?

Como disse Bill Gates, em Davos: "Não importa se você está em Boston, Beijing ou Bangalore; Se você for esperto, você pode competir diretamente com o resto do mundo, pois o mundo está plano".

Pra nós, isso já é a mais pura verdade.

Sobre o Paposolo

Tenho procurado trazer gente relevante para o cenário do trabalho Freelancer no Brasil. Pedro e a Dynamo, com certeza, são um bom exemplo de como trabalhar de forma séria e profissional, mesmo que à distância.

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